A VIOLÊNCIA FÍSICA E PSICOLÓGICA CONTRA CRIANÇAS REPRODUZ UMA SOCIEDADE DOENTE

Nestes tempos de bullying, nas formas inaceitáveis de violências físicas e psicológicas contra as crianças, escrevo especialmente aos professores e aos pais dos estudantes. Como poderão perceber, lanço uma dica de conduta para os professores e pais melhorarem seu relacionamento com crianças e adolescentes. Este artigo reflete a tonalidade da minha experiência atual como professor universitário e também como psicopedagogo bissexto. É preciso despertar para a consciência de que, repetindo esses mesmos erros, estamos contribuindo para manter a sociedade neurótica e violenta e a gerar pessoas adultas com medo da felicidade.

Na verdade, faço um resumo de um seminário que apresentei para cerca de cinquenta professores universitários visando a oferecer algumas ferramentas para evitar conflitos potenciais nas relações entre adultos e jovens.

Em primeiro lugar, afirmo que tudo que fazemos nas relações humanas tem um alvo: a mente das pessoas, porque nossas sensações, sentimentos, pensamentos e imaginações são trabalhados na mente e pela mente.

É para ela que professores e pais, consciente ou inconscientemente, projetam seus pensamentos. Na Bíblia há um versículo muito interessante dirigido aos mestres:

“Ao escutá-lo [o estudante], o sábio aumentará sua formação e o inteligente alcançará maior habilidade.”

Situando esse preceito nos tempos atuais, o significado seria mais ou menos o seguinte: a escuta atenciosa e respeitosa por parte dos adultos aos jovens é uma atitude que contribui positivamente em sua formação.

Mais ainda: ao receber a atenção sincera e correta de que necessitam as crianças e jovens enxergam com mais segurança e autoconfiança os passos que devem dar para seguir adiante.

Todas as escolas, bem ou mal, ensinam teorias que fazem parte das disciplinas oferecidas em sala, mas o que pode fazer a diferença?

Existem dados disponíveis no cenário da comunicação humana comprovando que as teorias são importantes, mas a qualidade das relações estabelecidas com os estudantes são ainda mais relevantes, por estabelecerem pontes saudáveis para aquisição do conhecimento.

As teorias e as informações técnicas respondem por 15% do sucesso em qualquer empreendimento, mas as relações inter-humanas representam 85%, tendo, portanto, natureza mais abrangente. Sem banalizar esses dados, poderíamos dizer que a positividade do relacionamento é mais importante do que o conhecimento meramente técnico, ainda que este seja absolutamente indispensável.

O principal aspecto a ser considerado nos relacionamentos é a escuta autêntica e proativa, que é capaz de antecipar comportamentos e fatos. A boa escuta é uma excelente estratégia pedagógica.

Lembremo-nos que todos, alunos, pais e professores, estão sujeitos a equívocos provocados por socioses, as doenças de natureza social que atingem a maioria das pessoas em variados graus de intensidade.

A escuta sincera é capaz de neutralizar as tendências para cair na rede das doenças sociais.

Os instrumentos mais preciosos que pais e professores podem e devem utilizar em relação aos seus filhos e alunos é o elogio. Elogio significa palavra favorável que se exprime em favor de alguém. O oposto do elogio é o desprezo.

As crianças e adolescentes são muito mais sensíveis e vulneráveis ao desprezo. Ao contrário, eles precisam ser elogiados, pois precisam desse estímulo, como os automóveis de combustível, para seguirem em frente.

Uma das melhores formas de lidar com crianças e adolescentes é por meio de elogios, não elogios fáceis ou manipuladores, pois logo se desgastam e acabam perdendo seu valor, mas do elogio feito com conhecimento, respeito e sabedoria.

Afinal, elogio é um dos ingredientes inclusos entre os desejos humanos básicos. Aplique-o com sinceridade e vocês vão contribuir para que pessoinhas maravilhosas passem a ver o mundo sob uma nova e promissora luz. Elogios também funcionam como antídotos de medos imaginários.

 

Carlos Rossini é
editor da vitrine online

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.