OLHA QUEM VEIO PASSAR A PÁSCOA EM MINHA CASA
Poodle é um cão de pequeno porte e o Joey, com dezessete anos, escuta e enxerga pouco, é um dos exemplares dessa raça que veio passar a Páscoa em minha casa, aqui em Ibiúna. Ele nasceu e mora em Santos e nunca, nunca, gostou de ficar sozinho em casa.
Aqui não latiu uma única vez [ele só late quando está passeando nas calçadas santistas e cruza com outro cachorros]. Fora isso é muito silencioso, mas um pequenino andarilho pela casa.
Perdi a conta do número de vezes que ele encostou na minha perna, que foi encontrando em seu caminho na sala, na cozinha, no corredor, embaixo da mesa do escritório. Sua leveza silente e doçura no contato o torna um carinha muito simpático.
Fico pensando que ele podia passar despercebido de tão pequenino e delicado, mas, não, despertou minha atenção assim como aquelas pessoas que despertam nossa simpatia de cara exatamente por tornarem leve e sereno o ambiente em que as relações se estabelecem.
Joey é o pequenino grande Joey e imagino que as crianças o amariam o tempo todo e transbordavam de carinho por um bichinho com seus olhinhos encobertos de pelos.
Joey teve o Nick, outro poddle, como companhia por treze anos. No começo Nick esnobava Joey, se afastava dele. Mas Joey incansável ia atrás do Nick o tempo todo, até que Joey um dia foi doado para uma mulher, porque o veterinário disse não era bom ter dois machos juntos.
Joey foi o escolhido a deixar a casa. Foi entregue, mas no dia seguinte a senhora disse que queria devolver o cãozinho porque viajava muito, não tinha tempo. E o Joey voltou para casa. Ficou apenas um dia fora, um dia que mudou a história porque Nick sentiu sua falta e quando ele entrou na casa Nick havia mudado e se tornou seu amiguinho.
Teve um tempo em que Joey tinha que ficar em casa sozinho, pois os adultos seguiam para o trabalho e as crianças para a escola. Joey ficara chorando o dia todo e um dia resolveu derrubar tudo que se encontrava sobre o tampo de um piano armário. Todos ficaram se perguntando como ele conseguiu se alçar àquela altura, mas que subiu, subiu.
Outra vez, revirou o lixo da casa. Quando chegaram ele estava com a tampo do lixo preso em sua cabeça, como um capacete. Imagina a cena! Parece coisa de filme que provoca gargalhada!
Um dia Nick morreu e Joey teve que ficar sozinho. Sentiu claramente a falta do amigo, mas, com o tempo, foi se habituando à nova realidade, embora sempre protestasse contra o fato de ficar sozinho.
Atualmente, entra um sai outro do apartamento e parece que essa movimentação acaba por atenuar o sentimento de solidão de Joey.
Agora, mesmo com seus limites da idade, quando chega alguém ele faz uma festa: pula, salta e corre para um e para o outro que são seus companheiros humanos.
Confesso que fiquei feliz de receber todas as pessoas que vieram em casa nesse período tão especial da Páscoa. Talvez Joey veio como uma encomenda imprevista, como surpresa, mas sem dúvida agradável. Obrigado, Joey, por ter vindo! (C.R.)