EDITORIAL – VEREADORES ESTÃO CADA VEZ MAIS INQUIETOS EM RELAÇÃO À PREFEITURA
No dia 30 de junho, o prefeito Eduardo Anselmo (PT) terá completado meio-ano à frente do governo municipal em Ibiúna ou 1/8 do seu mandato total. O tempo passa mais rápido do que se consegue perceber. Aparentemente, daqui em diante, a sua proteção por noviciado começará a se dissipar por perda de validade como argumento aceitável.
Ainda há um quê de esperança, por parte da sociedade, de que, como já escrevemos, tome a iniciativa de promover um “choque de realidade” na administração, a fim de que seja destravada e dê sinal de vida real perante a opinião pública. É preciso dominar e ser superior à ideia obsessiva em relação ao argumento de falta de recursos
Quando se pergunta para as pessoas do povo a quanta anda o novo governo não se nota uma resposta que demonstre entusiasmo. Vi reação no mais prosaico estilo italiano: o balançar da mão para um lado e para o outro, como a dizer, mais ou menos. Mas o perigo da hora não está exatamente aí, porque o povo ibiunense é tradicionalmente pacato e a maioria vive longe da política.
A questão tem outro endereço: a Câmara Municipal da cidade. Ali o prefeito conta com tranquila maioria de onze votos a quatro, mas já se percebe, sutilmente, por enquanto, que mesmo entre os aliados está brotando uma impaciência indisfarçável: com o prefeito e com seu corpo de secretariado.
Se fizerem uma leitura atenta ao noticiário publicado pela revista vitrine online [leia abaixo] sobre a última sessão da Câmara, realizada esta semana, vão verificar que dois vereadores da situação e um da oposição geraram desconforto para o prefeito com suas proposituras.
Houve um filme já visto e nauseabundo na administração passada em que os vereadores puseram o então prefeito contra a parede, numa forma de pressão que o levou a abraçar cegamente a ajuda enviada por um deputado federal, cujos representantes, manhosos e experientes de outras plagas, souberam ser recebidos de braços abertos pelos agradecidos edis. Ressalva é preciso ser feita: o professor Eduardo Anselmo manteve-se distante dessa influência que foi ruim para a cidade.
Mas, agora, há um sutil processo em andamento que se pode perceber por falas de bastidores que indicam a possibilidade de os vereadores, em algum momento, se rebelarem, porque eles querem obras, obras, obras e consideram que nada está acontecendo. E o problema está relacionado ao tempo: se continuar nada acontecendo por mais tempo, até quando isso será tolerado pelos já inquietos legisladores de Ibiúna?
Aparentemente, ainda nesse plano revelado em surdina, estão muito descontentes com o secretariado. Recentemente, um vereador reeleito usou uma expressão deselegante e logo teve sua atenção chamada por um assessor da Casa, de que suas palavras poderiam incluí-lo nas regras que indicam falta de decoro. Mas, por trás do fato, em si, se encontra uma pré-disposição em relação à máquina administrativa.
Sempre é muito complicado descobrir os interesses e as intenções reais que os políticos sabem bem ocultar. De qualquer forma, no papel de jornalista, um servidor da sociedade, o sinal está dado e é sempre preciso ficar atento às nuvens que se formam no outono.
Carlos Rossini é editor da revista vitrine online