CONGRESSO DA UEE EM IBIÚNA SERÁ UM REVIVAL DE 1968 EM CLIMA DE LIBERDADE CONQUISTADA
“Para nós militantes do movimento estudantil este Congresso representa a oportunidade de relembrar e debater com os estudantes que protagonizaram 1968, esse momento de lutas e resistência e consolidar um novo capítulo na história do Brasil e da juventude.” Essas palavras do presidente da União Estadual dos Estudantes de São Paulo – UEE, Alexandre Cherno Silva, resume o espírito que estará presente no 11º Congresso da UEE, que se realizará em Ibiúna de 14 a 16 de junho e que deverá atrair centenas de pessoas à cidade, pois se trata de um acontecimento da maior importância na história da política brasileira nos últimos cinquenta anos.
Também a imprensa nacional e a internacional deverão comparecer já que o evento será um “revival” do 30º Congresso da União Nacional dos Estudantes – UNE, reunido em um sítio em Ibiúna, que foi interrompido bruscamente na manhã chuvosa de 12 de outubro de 1968 por forças policiais que reprimiram e prenderam setecentos e vinte estudantes, entre os quais figuram aqueles que foram mortos sob tortura ou desapareceram. Esse episódio foi um reflexo da Ditadura Militar imposta ao País e contra a qual os estudantes foram protagonistas de um movimento de resistência que entrou definitivamente para a história do Brasil. Sem esse movimento, talvez não fosse possível agora realizar um congresso estadual de estudantes num regime democrático e, tampouco, uma mulher, igualmente militante e torturada, não chegaria a ser presidente do Brasil.
O 11º Congresso da UEE será uma oportunidade ímpar para os cidadãos ibiunense, especialmente sua juventude estudantil, terem um contato direto com a experiência de exercer seus direitos políticos em plenitude e, assim, contribuir para que o País jamais retroceda para um período trevoso da ditadura, que é uma forma execrável e antidemocrática de exercer o poder sobre o povo e de perda de liberdade.
Durante o congresso [veja abaixo o programa completo] dois processos serão julgados para representar os setecentos e vinte estudantes presos em 1968. Os demais estão correndo na Comissão Nacional da Verdade. Segundo a UEE, dos presos, confirmaram presença Franklin Martins, José Genoino, José Dirceu, Luiz Eduardo Curti, Reinaldo Morano Filho, Leopoldo Paulino. e outros.
Programação do congresso
Dia 14.6 (sexta-feira) – 18h30, na entrada da cidade sentido São Paulo-Ibiúna, inauguração do monumento em homenagem às lutas estudantis. O ator José de Abreu (TV Globo) será o mestre-de-cerimônias. Ele era estudante de Direito na PUC-SP em 1968. A obra de arte foi criada pelo artista plástico Claudio Tozzi, estudante da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, em 1968. – 19h30, na Praça da Matriz, solenidade de abertura do congresso. Saudação aos participantes e homenagem à geração do movimento estudantil de 1968. 21h00, no Espaço Cultural de Ibiúna: lançamento nacional do documentário “A Batalha da Maria Antonia”, dirigido por Renato Tapajós, estudante da Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras da USP em 1968.
Dia 15.6 (sábado) – 10 às 13 horas, na Praça da Matriz: Sessão da Comissão Nacional de Anistia, presidida pelo Secretário Nacional de Justiça, do Ministério da Justiça, Paulo Abrão, que anistiará dois estudantes presos no 30º Congresso da UNE em 1968. Das 14 às 19 horas: [no Centro Olímpico] Painéis Temáticos: Conjuntura – Dez anos de transformações no Brasil: como aprofundar as mudanças? Esportes: Esporte, um agente transformador? Cultura: Política cultural no regime democrático, onde avançamos? Mulheres e igualdade de gênero: a Universidade e as políticas públicas de gênero. Educação: Como dar o salto que o Novo Brasil exige? Movimento negro: A pobreza tem cor? Cotas em debate. Inclusão social e violência no Brasil. Sexualidade: 1968-2013 – Avanços ou retrocessos na sexualidade? Direitos humanos: Como estancar a escalada do pensamento conservados no País? Comunicação: da comunicação – quem quer a censura são eles. A luta contra o monopólio da informação no País. 21 horas: Show musical na Praça da Matriz.
Dia 16.6 (domingo) – Biblioteca da Resistência Iconográfica no Ginásio de Esportes. – Tenda de livros com as presenças de autores de livros e diretores de filmes do período (1968). – Plenária da UEE, eleição da próxima diretoria da entidade e encerramento do congresso.