RECADO AO PREFEITO: VERGONHA DE TER ACREDITADO NA SUA GESTÃO

O alcaide de Ibiúna manifesta algumas facetas de difícil entendimento por parte das pessoas. Quando raramente se apresenta em público usa linguagem e gestos de benfeitor. Mas quando está longe dos refletores, entretanto, apresenta borrões em sua própria imagem de homem público. Essa atitude não é abonadora.  

Eis um exemplo: ele enviou e-mail para um deputado estadual dizendo que ele estava sendo usado por um jornalista (não sou eu, é bom que fique claro), depois que ele publicou uma reportagem com o parlamentar paulista na qual informava que o deputado estava preparando uma emenda para enviar recursos para o município. Não se sabe o sentido do alcaide com essa atitude. Ele, que sabidamente não nutre simpatia por jornalistas que publicam matérias desfavoráveis ao seu governo, encontrou provavelmente um alvo para atacar.

Outro caso, agora este que me diz respeito diretamente. Fui alvo de sua sanha por ter publicado matéria a respeito da condenação do Município ter que pagar multa diária por irregularidades no transporte escolar. Essa matéria teve como fonte autoridade jurídica da Comarca de Ibiúna. Aliás, esse mesmo assunto foi motivo para a cobertura jornalística realizada, por duas vezes pelo apresentador Celso Russomano. Não há o que contestar. Vitrine online foi chamada por dezenas de pais cujos filhos ficaram sem transporte pelo menos por um mês, por falta de transporte ou pelo uso de transporte irregular. Este assunto está ainda por ser resolvido.

Pois bem, o alcaide, usando o whatSapp, enviou-me uma postagem não apenas deselegante, mas sobretudo de uma vulgar arrogância e prepotência indignas de um homem público.

Reproduzindo um trecho da página de abertura do processo que teve início em 2016 contra a prefeitura e que foi finalmente julgado em maio último, ficou estabelecido a imposição de multa diária enquanto não for resolvido de acordo com as normas legais de segurança o transporte escolar.

Como jornalista decidi compartilhar publicamente o comentário do alcaide por ser ele enganador. Assim que reagi para fazer prevalecer o correto, ele me bloqueou, provavelmente para não ler o que escrevi. Isso nosso alcaide tem feito com muitas pessoas que não são do seu agrado. Eis o que ele escreveu maldosamente:

“Mais critério e informação. Quando era notícia positiva da gestão tinha que ter todos os esclarecimentos. Para oposição até mentira vai. Pegou o jeitão. Kkkk”

Primeiro é verdadeiro que sempre quis ter todos os esclarecimentos para informar corretamente a população. Segundo, não é verdadeiro que sempre tenha recebido os esclarecimentos em muitas ocasiões. Exemplo: sempre que pedi números corretos a respeito de obras e serviços, datas, invariavelmente ouvi evasivas.

Sua exa. não entende das leis que regem jornalismo e a comunicação humana transparente, mas acredita nas notícias que lhe são “positivas” ou incensadas.

Já que o substantivo abstrato requerido neste momento atende pelo nome de verdade, devo, também publicamente, dizer que apoiei a candidatura do atual alcaide desde antes de sua candidatura, ajudei em sua campanha intensamente e o apoiei até quando pude.

Cheguei no meu limite ético-profissional, por acreditar que ainda conseguiria dar um jeito nos graves problemas do município, como a saúde, o transporte público e escolar, as estradas ou mesmo concluir as obras que foram paralisadas no governo anterior, que foram criticadas à exaustão.

Se s. exa. não tivesse me bloqueado num rompante de fúria, teria lido outras mensagens que lhe enderecei. Numa delas lhe devolvi a moeda: “de quem você pegou esse jeitão de governar Ibiúna?”

Uma confissão ficou sem ser vista por ele, pelo mesmo motivo: “Senti vergonha de ter acreditado em você. Você mentiu para mim e me tratou com a mesma maneira evasiva com que se relaciona com os munícipes.” (Carlos Rossini é editor de vitrine online)

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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