ELEIÇÕES 2020 – IBIÚNA PRECISA DE UM CONSELHO MUNICIPAL DE ÉTICA

Em segredo e discretamente, as equipes dos ainda supostos pré-candidatos ao cargo de prefeito de Ibiúna, já esboçam o que virá a ser seus planos de governo. Sabem que o tempo passa rápido e que faltam cerca de quinze meses para as eleições que se realizarão no dia 4 de outubro de 2020.

Numa análise preliminar pode-se observar a existência de duas tendências, uma que, por mero vício político, tenderá a fazer promessas repetitivas por escassez criativa e falta de espírito inovador; outra que, talvez por sentir-se atraída pela ousadia e visando exatamente quebrar os maus hábitos políticos, tentará abrir uma trilha com o objetivo de alcançar uma diferença marcante.

Ambas, no entanto, estão sujeitas à força da gravidade representada pela falta de capacidade de transcender os limites da tradição temida da força da compra de votos por meio de cestas básicas, dentaduras, material de construção ou simplesmente por dinheiro em espécie.

Da mesma forma, ambas podem se sentir reféns da falta de coragem necessária para fazer ver ao povo que este próprio ao eleger pessoas apenas ambiciosas e sem o mínimo de escrúpulo estará criando condições para continuar a ser tratado como reza os costumes, ou seja: como objetos de pouco valor humano.

Talvez as redes sociais instaladas no município possam surpreender, se os eleitores estiverem de fato mais exigentes e menos sujeitos a serem enganados pela força impiedosa das engrenagens da política tradicional que usa e abusa da simplicidade cultural de larga faixa da população.

Em relação ao atual governo, mesmo se fizesse pouco e bem feito, já teria razões mínimas para reivindicar uma possível reeleição, mesmo correndo consideráveis riscos, e tudo indica que nada parece mais distante da probabilidade, considerando-se o que se observa tanto em manifestações públicas, nas redes sociais quanto nos comentários que os munícipes fazem entre si nos mais diversos lugares, especialmente na área de prestação de serviços de saúde, condições das estradas e dos transportes públicos, até o presente momento.

Feita essa introdução, o objetivo deste artigo é sugerir a quem possa interessar entre os supostos pré-candidatos à prefeito de Ibiúna, a inserção de uma novidade da maior importância para a história política ibiunense, qual seja: a criação de um Conselho Municipal de Ética.

Há razões fundamentais a sustentar essa proposição. Primeiro, porque aparentemente os maiores entraves geradores de conflitos gravitam em torno desse tema no contexto da realização de obras e da prestação de serviços à população.

A combinação entre ética e ações políticas concretas se faz mais do que nunca necessária como instrumento fundamental para pôr fim à tacanhice notória cujo ciclo precisa ser rompido, sob pena de, mais uma vez, termos razões de sobra para novos arrependimentos tardios, depois das eleições.

Os que se candidatarem a governar a cidade de 2021 a 2024 precisam ter uma mentalidade diferente da que temos visto aos longos das décadas até o presente momento.

Precisarão, por exemplo, ter conhecimentos reais de como obter prestígio e ser benquistos pela população, saber lidar com os adversários com sabedoria e inteligência superior, ter a humildade de sabe ouvir e de estar dispostos a se reinventarem constantemente. E, não menos importante, saber lidar com os próprios medos e inseguranças da sua vida, sem perder o senso de justiça.

Instituir um Conselho Municipal de Ética será uma demonstração inequívoca das intenções de admitir sua função como empregado do povo ao qual deve servir com plena transparência.

Mas, os vereadores já não exercem essa função? A resposta é sim, até a página dez. Porque não se pode ignorar o fato de as composições dentro do Legislativo permitirem a formação de bases oposicionistas e situacionistas determinantes nos processos decisórios, às vezes distantes dos anseios da população.

Objetivamente, o papel do Conselho, livre das limitações cartoriais, com assessoria técnica adequada de advogados e contadores, seria de extrema importância em relação a todos os gastos públicos, as formas como são feitos, apontando todas condutas incorretas, sejam por perspectivas equivocadas ou como produto de intenções ocultas ou fingidas. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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