OPINIÃO – AVAL DE VEREADORES A EMPRÉSTIMOS VIRA TRUNFO DO PREFEITO DE IBIÚNA NA VÉSPERA DE ANO ELEITORAL

Se em vez de aprovar, a Câmara Municipal rejeitasse os dois pedidos de empréstimos, o atual prefeito se viria numa sinuca de bico e suas dificuldades se multiplicariam, tendo em vista seu projeto de tentar a reeleição na eleição de 2020.

Marcado por atrasos de pagamentos em vários setores, como o da saúde pública, obras paralisadas ou não iniciadas e um descontentamento generalizado com sua gestão, teria bons motivos para repensar sua decisão já anunciada de se lançar candidato.

Esse risco ainda persiste, porque doravante terá que mostrar as obras e serviços vinculadas aos recursos que obterá de R$ 18, 6 milhões, que deverão ser fiscalizados exatamente pelos vereadores que fecharam questão por fidelidade ao alcaide.

O vereadores certamente esperam ser indiretamente beneficiados com as aplicações de recursos, a fim de se mostrarem ao público e se acharem merecedores igualmente de serem reeleitos, ainda que há claros sinais da vontade da população para escolher novos candidatos e renovar o quadro de vereadores e estenderem seus mandatos por mais quatro anos.

SESSÃO QUENTE

O pequeno exército oposicionista na Câmara fez valer sua voz diante da base aliada do prefeito em defesa da aprovação dos dois projetos [leia notícia em vitrine online].

O vereador Naldo Firmino, para citar um exemplo, frisou “a falta de confiança na atual administração para a liberação dos empréstimos”, já que “não vem cumprindo suas promessas”. Disse, como parlamentar independente, que não vem sendo atendido pela prefeitura nos requerimentos que faz para realização de obras pedidas pelos munícipes. Especificamente, citou um pedido, feito há mais de ano, para a recuperação de uma estrada no bairro Dois Córregos. O líder do governo, Ismael Pereira, que tinha sentado atrás de si o prefeito, evocou a presença deste para prometer que encaminharia o pedido para que Naldo tivesse seu pleito atendido.

Charles Guimarães, depois tecer diversas críticas ao atual governante, citou a situação do bairro do Campo Verde [ele é morador nesse bairro] que tem 50 quilômetros de estrada e, até agora, somente houve melhoria “em trezentos metros”. Como vereadores da base aliada citaram exemplos de obras nas estradas no bairro, Guimarães repeliu veementemente. Declarou que ninguém conhece o bairro mais do que ele e que as obras mencionadas eram em outras localidades.

Enfático, Guimarães disse que a Prefeitura já havia obtido dois empréstimos para aluguel de máquinas e equipamentos, um no montante de pouco mais de R$ 1 milhão e outro, com a empresa Utilrent, com sede em Cotia, no valor de R$ 8, 6 milhões com o mesmo propósito, não vendo razão para aumentar o endividamento da Prefeitura, num mesmo setor.

O vereados oposicionista disse ainda que “o prefeito manda na Câmara”.

O vereador situacionista Pedrão da Água, depois de mencionar “que nossos políticos são todos bons, apenas que têm diferentes maneiras de ver os fatos”. Afirmou que a aprovação dos projetos era uma “questão simples e necessária” e que não via razão para que fossem rejeitados.

A certa altura, fez um áspero comentário, sem nomear os destinatários de suas palavras, contra “covardes, que não mostram a cara” e que estão querendo prejudicar a atual administração. Uma das pessoas presentes na plateia considerou que a fala lhe estavam sendo dirigidas e prometeu que iria “cobrar” esclarecimento do presidente da Câmara. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)

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Nota da Redação (atualização): a pessoa que se encontrava na plateia da Câmara Municipal e que tinha achado que as palavras ditas pelo vereador Pedrão da Água lhe eram dirigidas, enviou nota ao editor de vitrine online dizendo que se tratava de um engano seu, que, na verdade, o vereador havia se manifestado em relação a duas pessoas, ligadas a adversários políticos do atual prefeito.

 

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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