INTERNET ERA O QUE FALTAVA PARA VIVERMOS NUMA “ALDEIA GLOBAL”
A Internet transformou o mundo numa “aldeia global”, como havia previsto trinta anos antes dela existir o filósofo, educador e teórico da comunicação canadense Herbert Marshall McLuhan (1911-1980), conhecido como “profeta da era digital”.
McLuhan foi o primeiro filósofo a tratar das transformações sociais provocadas pela revolução tecnológica do computador e das telecomunicações, que chamou “aldeia global”.
Embora a distância física permaneça, as relações virtuais nos tornaram próximos em tempo real. Conversamos nos vendo simultaneamente mesmo estando milhares de quilômetros de distância uns dos outros. Estamos conectados por uma rede digital 24 horas. Tomamos conhecimentos dos fatos instantaneamente.
As postagens, aos bilhões, refletem a diversidade cultural, dentro de um país e ao redor do Planeta, com línguas e hábitos peculiares e as condições existenciais dos seres humanos.
Tenho vivido recentemente uma experiência inédita em minha vida, na condição de jornalista e editor de uma revista eletrônica. Diariamente, venho recebendo no mínimo 50 pedidos de amizade de cidades paulistas e de outros estados, assim como de diversos países.
Desenvolvi a disciplina de tratar com respeito cada novo amigo digital, respondendo a cada um, a maioria absoluta mulheres. Da mesma forma, tive que excluir algumas pessoas, especialmente alguns homens que vão além dos limites da boa educação, para usar uma argumentação elegante, como é o comportamento, felizmente, da maior parte dos meus interlocutores.
Muitos procuram a amizade pela amizade e enviam mensagens graciosas, cumprimentos de bons dias e boas noites. Alguns se alegram quando desejo boas vindas e menciono seus nomes. Parece que procuram ser ouvidos, vistos e serem reconhecidos. Viúvos e viúvas à procura de uma nova companhia. Solteiras que buscam atenção, amor e autoestima. Ainda que brevemente as pessoas narram suas existências pessoais, familiares, solidão, sonhos.
Minha impressão geral é que muitos indivíduos querem se sentir vivos, pertencentes à comunidade humana, já que vivemos um tempo em que as relações mutuamente confiáveis são cada vez mais rarefeitas o que provoca muitas atribulações de natureza psicológica. Sentir-se só é um drama e tanto!
É da natureza humana a busca do outro, a convivência, pois somos seres gregários e sociáveis. Sem a presença imediata ou distante do outro perdemos as referências sobre os nossos pensamentos e sentimentos. Refletimos e somos modelados em nossas relações diárias. Quando nascemos, mas não invariavelmente, somos os centros das atenções que vão sendo perdidas ao longo do tempo, à medida que crescemos e envelhecemos e perdemos amizades.
A boa notícia é que, apesar de todos os males que ocorrem no mundo e nos lugares onde vivemos, jamais devemos nos render à ideia de que tudo está perdido. Não é verdade! Depois das noites sombrias o sol sempre renasce e, segundo dados científicos, continuará nessa missão natural pelos próximos 5 milhões de anos.
Repetimos aqui, por ser oportuna, uma frase escrita pela magnífica atriz brasileira em sua autobiografia, que acaba de publicar quando completa 90 anos:
“A esperança tem que ser uma ação viva. Tudo vai se harmonizando para a despedida inevitável. Inerradável. O que lamento é a vida durar apenas o tempo de um suspiro. Mas, acordo e canto.” Carlos Rossini é editor de vitrine online)
Nota do editor: Juro, me esforcei, mas consegui conversar com pessoas em português, espanhol, francês e inglês. Milagre do improviso.