À DERIVA

O escritor de informações às vezes percebe que os leitores ibiunenses estão cansados de receberem notícias ruins sobre a cidade em que vivem e, não por acaso, chegam a manifestar sentimentos ora de repulsa ora de descrença notória de que algo possa mudar.

Nunca se viram tantos palavrões e ofensas nas redes sociais, formas de expressar sentimentos em relação ao governo municipal e aos vereadores, que consideram, com raras exceções, coniventes com a situação reinante, em todos os setores.

Uma leitora fez um resumo tão singelo quanto abrangente: “O que era pior, ficou ruim e o ruim ficou péssimo.” Já não creem que o quadro persistente em três anos de gestão possa ser revertido e, mesmo que houvesse possibilidade para que isso aconteça, o tempo é demasiado curto para ações espetaculosas.

O que se vê foi causado e não aconteceu porque esse fosse o desejo da população que destinou seu voto na esperança de dias melhores para o município e, não demorou muito, para surpreender-se com a inércia do Poder Executivo e se decepcionasse, como é público e notório.

O pedido de suplementação de verba no montante de R$ 20,5 milhões para pagamento do salário de dezembro e do 13º que não chegou a ser votado na Câmara Municipal por falta de quórum regimental.

Todavia, antes de apresentar o projeto com esse valor, o prefeito havia enviado outro, pedindo uma suplementação de R$ 30 milhões, que não foi aceito pelos vereadores porque não explicitava em que seriam alocados. Esse montante foi reduzido em R$ 10 milhões.

Vereadores da base oposicionista repudiaram essa iniciativa, sobretudo porque os recursos para pagamento dos servidores estão previstos no orçamento apresentado pelo Executivo e sancionado pelos parlamentares, e não poderiam ser alocados para outras finalidades.

Essa prática, no entanto, não é inédita. Outros prefeitos, a fim de administrar suas contas, movem recursos para fazer frente a compromissos em determinados momentos, mas retornam os valores à que estavam destinados com a devida prudência contábil.

No entanto, por alguma falha gerencial, a tentativa de realizar esse procedimento foi demasiadamente tardia, em cima da hora, para usar uma linguagem mais simples, e deu no que deu. O pedido de suplementação não foi sequer apreciado, mesmo com um pedido de votação de urgência.

Esse é um fato sério que, de acordo com o que apuramos, fatalmente cairá nas mãos do Tribunal de Contas do Estado, quando apreciar as contas públicas relativas a este ano, se não houver outras intercorrências.

É no mínimo curioso que diante dessa circunstância o governo municipal mantenha um silêncio absoluto, como se a questão inexistisse ou não fosse merecedora de preocupações reais.

Em suma, as atenções naturalmente se voltam para os ocupantes do Paço Municipal responsáveis pela equação do problema perante os servidores e a opinião pública. Na Câmara criou-se um clima de expectativa em relação à medida que o prefeito adotará, a partir de agora. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)

 

 

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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