CORONAVÍRUS – O ESPERADO ACONTECEU HOJE, MAS DECISÃO DE BOLSONARO É ARRISCADA
Enfim, Mandetta foi demitido e, em seu lugar, o presidente Bolsonaro nomeou o médico oncologista Nelson Teich, diante da iminência da previsão de salto de casos de contaminação pelo coronavírus, por uma equipe que vinha atuando de modo coeso no enfrentamento de uma crise tão gigantesca quanto complexa.
Em suma, ele trocou um time que estava em campo jogando bem e com aplauso e aprovação da população, graças ao desempenho transparente e empático de Mandetta, e pôs no lugar deste um médico respeitado e carregado de dúvidas, como é natural em situações como essa.
Mandetta se tornou um astro com aprovação de 76% da população em seu desempenho e sereno, bem-humorado e flexível se dispôs ele próprio e sua equipe à disposição do novo titular do Ministério da Saúde para realizar o período de transição.
E é exatamente aí que se observa um grande risco a favor do vírus que circula com uma velocidade pandêmica: quanto tempo Teich precisará para se sentir em condições de tomar as rédeas e dar rumos acertados às condutas práticas tendo como foco a preservação da vida humana?
Esse tempo exigido pelo novo ministro, que não tem conhecimento do sistema público de saúde, poderá – e esperamos que isso não aconteça – se tornar a gota d’água que fará para a água transbordar. Por outras palavras, poderia haver uma perda do controle estabelecido até agora pela equipe que se despede do ministério.
Teich, em seu discurso, disse que está “completamente alinhado com Bolsonaro” e que não tomará nenhuma atitude brusca em relação ao isolamento social. Isso é bom, em princípio, mas como deverá fazer uma flexibilização para o retorno ao trabalho, que é visão monopsônica de Bolsonaro, para o que deverá contar com um conjunto de informações rigorosamente seguras e consistentes do ponto de vista científico e médico.
Se souber usar a sabedoria de se comunicar com a população como o fez Mandetta e tiver a felicidade de acertar nas medidas práticas com dados concretos em termos de resultados contra o avanço do coronavírus poderá justificar sua nomeação, para o bem de toda a população brasileira. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)