PERSONA – O CIDADÃO IBIUNENSE E O NASCIMENTO DA POESIA
Há fatos na vida de uma pessoa que marcam toda a sua existência, até mesmo a forma como vê o mundo a si mesma, vincada por fortes emoções que a seguem como a própria sombra.
O ibiunense a inaugurar a coluna PERSONA é justamente um personagem exemplar que se insere nessa dimensão. Um cidadão ibiunense que se tornou um poeta de versos fáceis e, não raro, comoventes e sensíveis. Um esteta da simplicidade e, sobretudo, amigo leal e apaixonado pela família.
Trata-se de Marco Antonio Truvilho, que se mudou para Ibiúna com a família quando tinha 18 anos, ao qual vitrine online rende suas homenagens a um ilustre cidadão. Veja o que ele nos conta:
Quando escreveu sua primeira poesia e o que o inspirou para expressá-la?
Tudo começou com a morte de meu filho primogênito, Marcos Eduardo, de 26 anos de idade, em 13 de agosto de 1994, vítima de um tumor maligno.
Senti então um forte desejo de não só extravasar meus sentimentos, como também homenagear o querido filho Marquinho. E pela primeira vez assim me expressei:
SONHO DE UM PAI
Quisera poder navegar
nas lágrimas da minha dor
de tantas formaram um mar
saudade de ti meu amor
Saudade que toca bem fundo
despida de ódio ou rancor
ausência de ti neste mundo
vontade do meu Criador
Quem dera só fosse um sonho
e tu não tivesses partido
desperto estaria eu risonho
ao lado do filho querido
O triste é saber na verdade
que o sonho foi sonho e abortou
na mente somente a lembrança
o resto tua ida levou
Mas quando chegar meu momento
e a morte buscar-me vier
irei encontrar-te rebento,
com vida, num canto qualquer
O estádio municipal de Ibiúna chama-se “Estádio Municipal Marcos Eduardo Camargo Truvilho”, em homenagem póstuma ao seu filho querido.
Quem é Marco Antonio Truvilho?
Nasci em São Joaquim da Barra (terra do ator e prosista Rolando Boldrin), 75 anos atrás. Sou filho de Francisco Matheus Truvilho e Anesia da Silva Truvilho, já falecidos, sendo minha mãe 4 meses atrás que tinha o dom de benzer, graças a sua fé em Deus. Aos 7 anos de idade entrei para a escola e para o Cartório. Aprendi ler e escrever junto com datilografia (na época era escrever à máquina). O Tabelião era o senhor Durval Correa Rangel (conhecido como Senhor Rangel). Cursei a Escola de Comercio até a terceira série. Vim para Ibiúna com 18 anos, na instalação da Comarca, trazido pelo Senhor Rangel (meu segundo pai). Exerci as profissões de Escrevente, Oficial Maior e Tabelião Substituto do Primeiro Cartório de Notas e anexo do Registro de Imóveis, até o ano de 1979, oportunidade em que me formei Advogado e deixei as lides cartorárias, para exercer a nova profissão, o que perdura até hoje, embora afastado por motivo de saúde.
Fale de sua família.
Em 1967 (53 anos atrás) me casei com Maria Angélica Camargo, tivemos 5 filhos (quatro homens: Marcos Eduardo, Carlos Henrique, Alexandre Victor, Rodrigo Leonardo e uma mulher: Rita de Cassia) e os netos: Marília, Natália, Bruno, Rafael, Kevim, Ana Julia, Duda, Isabela, Xandinho, Maria Luiza, Pedro, Mateus e Manuela. Como disse, perdi meu primogênito Marquinho, aos 26 anos de idade.
Impressões sobre Ibiúna.
Quando cheguei em Ibiúna, em dezembro de 1963, existiam poucas ruas e pouquíssimas casas. O comércio se concentrava na Rua XV de Novembro (conhecida como Rua Direita) e Praça da Matriz. As construções eram bastante antigas, exceto, pelo que me lembro, o Posto Esso, o Bar do Décio e em frente ao Bar Guarani.
Postos: Posto Esso do Tonico da Bomba, Posto Shell, do Armando Giancoli e Posto do Tino.
Padarias das quais me lembro: do Carlos Bini, Rocão da “Pedra”, São Benedito, Machado.
Havia os armazéns do Ditinho e Lazinho, do Totó e Clovis Goes, do Marreiro, do Samano, do Arizono, Casa Dico, do Olímpio e Cristalino .
Farmácias: do Pedrinho, do Jurandir e do Lucas
Lojas: do Senhor Elias, pai do Feliciano, onde eu comprava meus sapatos, do Seme e Tufi, bazar do Yoshito, bazar do Mussa
Açougues: do Negro Lima, do Seu Antonio e do Joaquim Henrique
Bares: do Zezito, do Decio, do Zé Rabelo, do Porfirinho,
Hotéis e pensões: Bar e Hotel Guarani, Bar e Hotel do Ibraim, Pensão do Severiano e Pensão da Aparecida de Ana.
Relojoarias : Mikami e João relojoeiro.
Quais suas atividades no cenário ibiunense?
Fui um dos fundadores do Soci, da Associação Comercial e Industrial, co Clube de Campo (CCI), do Lions Club. Me candidatei por duas vezes a vereador, oportunidades em que tive pouco mais de 200 votos.
Fui Presidente do Guarani A.C. e exerci os cargos de Secretário do Desenvolvimento Urbano, no mandato de Fábio Belo, e de Secretário de Negócios Jurídicos, no curto mandato do Coronel Darci.
Homenageando Ibiuna, fiz a letra que se transformou em música, que foi gravada:
IBIÚNA QUERIDA
És Ibiúna,
semente de um Capitão
És Ibiúna,
cidade do meu coração
Terra altaneira
de verdes matas e de plantações
és hortifrutigranjeira
colheita certa em todas as estações
Tens Ibiúna
festejos de tradição
em romaria
exaltas São Sebastião
Tuas riquezas
brotam da água, da pedra e do chão
és bela, linda e faceira
que realeza, és fascinação
Tem bosque e tem represa
para passear
ar puro da floresta
para respirar
Teu povo hospitaleiro
sabe agradar
a gente visitante
de qualquer lugar !!!
E também o poema:
Que futuro antevê para Ibiúna ? O futuro a Deus pertence. Só quero pedir a Deus e também aos administradores públicos que irão dirigir os nossos destinos nos próximos 4 anos, que exerçam com dignidade e respeito os seus mandatos e que cuidem com muito carinho de nossa cidade, alguns ibiunenses por naturalidade e outros por adoção.
Foi com grande satisfação que inaugurei a coluna PERSONA, na nova vitrine online com essa figura muito estimada e querida na cidade de Ibiúna, Marco Antonio Truvilho. Obrigado, Marcão, por fazer parte da nossa revista.