QUANDO VOCÊ FICA DOENTE, PROCURA UM MÉDICO OU O PRESIDENTE DA REPÚBLICA?

A Terra gira em torno do Sol. Combinado? A Igreja sacrificou muitas vidas, de cientistas brilhantes para sua época por defenderem essa verdade e não aquela que, permeada pela crassa ignorância, dizia exatamente o contrário: que o Sol girava em torno da Terra. Que pretensão dos poderosos da época que tinham o poder de decidir quem devia viver ou morrer, de acordo com suas crenças em relação com a crença oficial imposta.

Muita boiada teve que passar, além de muitas mortes por enforcamentos, imolações e destroncamentos de corpos, para que, enfim, a tenebrosa sombra da ignorância desse passagem para o advento da ciência, uma forma de obter conhecimento fundamentada na inteligência, na experimentação, na comprovação que permitiu, por exemplo, algo nunca visto antes na história da humanidade: que se criassem vacinas contra a covid-19 em menos de um ano. Viva a ciência pela vida!

Há, desafortunadamente, entre nós e não são alienígenas, aqueles que acham que a terra é plana. São aqueles que querem tirar proveito da ignorância para conquistar e se perpetuarem no poder que, como sabido, é inexoravelmente passageiro. Não se tem notícia em lugar algum no planeta que um ditador, um rei, um príncipe, um presidente tenham vivido mais do que determinam as leis implacáveis da biologia. Outro dia um biliardário fez questão de doar grande parte de sua fortuna porque decidiu não morrer como bilionário.

#CANCELEACOVID

Mas, vamos aos fatos, por que um presidente da República deseja o fim da obrigatoriedade do uso de máscara de proteção individual para quem já foi vacinado contra a covid-19 e também para quem já contraiu a doença? No dia 10 ele discutiu com seu ministro da Saúde exatamente o fim dessa obrigatoriedade.

Por que adotar essa postura que colide diretamente com os ditames da ciência? Ainda não se sabe, não se mediu cientificamente, que ao tomar a vacina, de qualquer um dos fabricantes, a garantia plena de imunidade contra o vírus, assim como existe a real possibilidade de se contrair o vírus novamente, sobretudo de novas variantes?

Médicos notáveis e responsáveis, exatamente para se contraporem contra essa medida negacionista que põe em risco a vida da população, iniciaram uma campanha visando a prevenção da doença, por meio de medidas já consagradas: usar máscaras de proteção, desinfetar as mãos com álcool em gel, lavar bem as mãos com água e sabão e manter distanciamento social.

Um desse time de médicos de notável reconhecimento em suas respectivas especialidades, dr. Roberto Kalil, professor titular de cardiologia da Faculdade de Medicina da USP, é um dos depoentes de vídeos que rolam nas redes sociais.

“Estamos perdendo a guerra para a pandemia, as mortes estão crescendo, os profissionais da saúde estão cansados. Estamos perdendo essa guerra e isso não pode acontecer. Usem máscaras, lavem bem as mãos, usem álcool em gel, evitem aglomerações”, apelou o dr. Kalil.

E ele não está sozinho nessa campanha, muitos outros seus colegas aderiram, no mesmo tom de apelo à consciência da população. Vejam que são ele: Edson Rogatti, presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos; Rosa Rodrigues Pereira, professora titular de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora do Serviço de Reumatologia do Hospital das Clínicas-USP; Décio Mion, diretor da Escola de Educação Permanente do Hospital das Clinicas-USP; dr. Tarcísio Barros, presidente do conselho do Hospital das Clínicas-USP; dr. Gonsalo Vieira Neto, médico sanitarista e professor assistente da Faculdade de Saúde Pública da USP; dr. Fábio Jatene, professor titular de Cirurgia da USP; irmã Rosane, diretora-presidente do Hospital Santa Marcelina.

Outros vídeos similares apresentam depoimentos de autoridades médicas de grandes hospitais, como o Albert Einstein.

Então, a pergunta que não quer calar: em quem você, brasileiro, vai acreditar? Na palavra de um leigo negacionista ou nas palavras das autoridades médicas? Fica a pergunta. (C.R.)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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