IBIÚNA – POPULAÇÃO REAGE À NOTÍCIA DE EMERGÊNCIA FINANCEIRA

“Mais uma vez a população é que vai arcar. O que estava ruim tende a piorar”, comentou uma leitora de vitrine online a respeito da notícia sobre a decretação de emergência financeira em Ibiúna, publicada no Diário Oficial do Município na última quarta-feira (23).

Houve muitos outros comentários todos na forma de manifestação de surpresa como um fato negativo tanto para a administração pública quanto para a população, já que os cortes de gastos se refletirão diretamente na prestação de serviços e de obras públicas aos munícipes, como no caso da manutenção e melhoria das estradas.

VEREADORES

Vitrine online indagou hoje (28), por WhatsApp, a maioria dos vereadores para conhecer a opinião dos parlamentares, já que cabe a eles a função de fiscalizar os atos do Poder Executivo.

Houve aqueles que não se surpreenderam em relação à medida adotada por acompanharem, direta ou indiretamente, do andamento da carruagem administrativa do município, os que simplesmente não quiseram se manifestar, e também quem espera mais esclarecimentos da autoridade municipal.

Segundo apurou vitrine online, o prefeito foi hoje para São Paulo, a fim de se encontrar com o deputado federal Vítor Lippi.

POR QUE IBIÚNA

No Brasil, existem 5.568 municípios, tirando os distritos de Fernando de Noronha e Distrito Federal. Todos eles estão sujeitos às alegações manifestadas pelo prefeito ibiunense para decretar a emergência financeira e por que, somente alguns nessa imensa constelação, adotaram essa medida?

Eis as alegações do Executivo ibiunense:

. os repasses do Fundeb não estão acompanhando os aumentos dos custos da manutenção da Rede Municipal de Ensino, fazendo com que a Prefeitura tenham que complementar os gastos com recursos próprios;

. redução dos repasses do Fundo de Participação dos Municípios, que vem do Governo Federal dos recursos provenientes do Imposto de Renda (IR) e do Imposto sobre Produtos Industriais (IPI);

. queda de 2% na atividade econômica do país nos meses de maio e junho, com a conseqüente redução dos recursos transferidos aos municípios pelos governos federal e estadual; e

. dar cumprimento à Lei de Responsabilidade fiscal que visa garantir o equilíbrio nas contas governamentais (não gastar mais do que se arrecada).

NÃO ERA PREVISÍVEL?

A mesma leitora, com natural perplexidade, indaga: “Isso não era previsível? A administração municipal não estava acompanhando a tendência de queda e não poderia ter tomado providências antes que a situação chegasse a esse ponto extremo?

Pelo menos um leitor questionou se terá havido mesmo queda de arrecadação, contabilizando que “de 1º de janeiro de 2021 até 30 de julho” a Prefeitura arrecadou mais de R$ 750 milhões.

Uma leitora mais atenta lembrou a questão da estação rodoviária da cidade que “parece a construção de uma catedral” e que o prefeito chegou a declarar, quando a Caixa Econômica Federal cancelou a verba empenhada para essa obra, que esta então andaria “a todo vapor” porque contaria com recursos do próprio municípios devido ao “excesso de arrecadação”.

IMAGEM PÚBLICA

Para quem vinha subindo nos palcos festivos da cidade, pedido aclamação popular ao lado de duplas de cantores sertanejos, nos primeiros meses deste ano, essa imagem pública parece não combinar com uma medida tão rigorosa.

Como dissemos nesta página, por meio de editorial, esse ato, ainda que tendamos ter a memória curta, permanecerá por um bom tempo na lembrança dos cidadãos mais atentos como uma forte marca de uma administração, mas parece que isso não afeta os humores dos seus protagonistas. (C.R.)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *