EDITORIAL – AO DECRETAR EMERGÊNCIA FINANCEIRA, SASAKI MARCA ESTILO DE GESTÃO

A brusca freada que o atual prefeito de Ibiúna provocou na quarta-feira de 23 de agosto, ao decretar emergência financeira em Ibiúna, certamente deixará uma marca indelével no chão da avenida política em que conduzia o governo municipal. Fará parte da biografia de sua gestão.

Como acontece quando o motorista freia um veículo abruptamente diante de um obstáculo, lançou para adiante, contra a parede da história, uma série de sinais de que uma administração fechada, como a sua, pode estar fora de sintonia da realidade.

É praticamente impossível que não se sabia que uma bola de neve estava em queda livre durante todos esses meses, que o caixa estava baixando mês a mês, que os fornecedores de produtos e serviços estavam inquietos com atrasos de pagamentos, que a corda rebentaria a qualquer momento. Os rumores estavam em curso na intimidade dos credores.

A pergunta que não quer calar é por que as despesas com eventos, como shows musicais com duplas de cantores famosos e festejos, não foram cortadas preventivamente; suspensas agora por meio de decreto?

Em compensação, por que ficam suspensos também os serviços de funcionamento de máquinas pesadas e caminhões do município, quando é sabido que as estradas estão cronicamente precárias, sobretudo quando chove, e é grande o número de queixas da população nos bairros rurais.

Até recentemente, houve uma exibição de máquinas indo de um lado a outro numa frenética movimentação de recapeamentos em ruas centrais da cidade, em alguns lugares, como a avenida São Sebastião, sem uma necessidade premente. Ah, dirão, mas a verba já estava empenhada, por que não fazer?

Queriam provar por A + B a presença de um governo eficiente, realizador; queriam mostrar para o povo que Ibiúna está “Renascendo par um novo tempo”; afinal, haverá eleição no próximo ano, não é?

A contenção de gastos determinada pelo decreto atinge a estrutura da prefeitura, mediante cortes horizontais de despesas de âmbito funcional.

O artigo 7º consagra então uma ameaça pública: “Os servidores comissionados e os agentes políticos, que não tomarem as medidas necessárias para o cumprimento do presente Decreto, serão imediatamente exonerados dos seus respectivos cargos”. Não será exagero considerar que esse público específico faz parte do quadro de confiança do próprio governo.

Por esse e outros fatos, que causaram estupefação entre os cidadãos distantes do dia a dia político, é fácil deduzir que o autor da medida construiu em si mesmo uma marca como tatuagem, difícil de ser removida. Ainda é cedo prever os efeitos que acarretará em sua anunciada pré-candidatura visando à reeleição.

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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