IBIÚNA – CORTE DE 14 ÁRVORES NA PRAÇA DA MATRIZ REVOLTA POPULAÇÃO

O dia 4 de setembro de 2023 entra para a história do cotidiano de Ibiúna como a data em que, de repente, eclodiu um massivo sentimento de revolta rompendo o silêncio habitual da população.

Tão logo vitrine online publicou a notícia dando conta de um fato consumado – o corte radical e remoção de 14 figueiras que, ao longo dos anos, cresceram em duas fileiras paralelas defronte à igreja na praça da Matriz –, emergiram muitos protestos da população  contra a medida.

Nada menos do que centenas de pessoas se mostraram chocadas, decepcionadas, tristes, indignadas, perplexas e espantadas.

O uso de adjetivos para qualificar o fato foi abundante: “péssimo”,“ridículo” “absurdo”, “horroroso” e “feio”, entre outros.

Um cidadão chegou a evocar até mesmo teorias políticas para exaltar o direito da população. No caso, essa prerrogativa terá sido desrespeitada, já que os munícipes não foram consultados previamente sobre a adoção dessa medida que afeta um ambiente público. 

Algumas pessoas se declararam simplesmente “sem palavras” para expressar suas perplexidades.

Houve também um considerável contingente de cidadãos que aproveitou para circunstanciar o corte das árvores no contexto de necessidades prioritárias:

“Há tantas coisas para serem feitas na cidade – melhorar o atendimento hospital, terminar a rodoviária, colocar lâmpadas em ruas e avenidas, os bairros largados com as estradas intransitáveis com as chuvas, entulhos e lixo jogados nas estradas, falta de planejamento da Prefeitura. E foram logo destruir as árvores!”

Afinal, elas já estavam ali havia anos “fazendo sombra para quem se sentava nos bancos da praça, servindo de abrigo, ninho e proteção para os pássaros [‘havia ninhos de sabiá ali, sabia?’] e também para sustentar as redes de lâmpadas que servem decoração das festas natalinas”.

Verteram palavras de insatisfação tanto na direção do pároco de Igreja Matriz, Benedito Cesário, quanto do secretário do Meio Ambiente, Rafael Ribeiro, já que estes demonstraram estar em comum acordo quanto ao procedimento adotado. Durante a gravação de vídeo, exibido pela Prefeitura, se ouviam no fundo os ruídos das motosserras em ação.

Em seu pronunciamento, o padre chegou a pedir a “conivência” da população para aquele ato, considerando os benefícios que, segundo ele, seriam proporcionados: melhor visibilidade da Igreja [parcialmente tapada pelas copas das árvores], maior claridade ao local e segurança para as pessoas; as raízes das figueiras estariam comprometendo os alicerces da paróquia.

Foto de vitrine online – 5.9.2023: Agora a fachada da Igreja Matriz de Ibiúna está totalmente visível.

VOTARAM  CONTRA

O engenheiro civil Marcelo Zambardino comentou em redes sociais que a Prefeitura de Ibiúna “tentou empurrar a responsabilidade de cortar essas árvores para o Conselho Municipal de Turismo – Comtur e para o Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente – Comdema, mas isso não foi aceito. A maioria dos integrantes de ambos os Conselhos votou contra a retirada das árvores. É importante que a população saiba isso.”

Hoje (5), Zambardino, que integra ambos os Conselhos, entrou em contato com vitrine online. Informou que na última reforma da praça em 2007, no governo Fábio Bello, havia um lago exatamente onde estavam plantadas as figueiras. Como a obra dava problema de vazamento de água, encheram o lago de terra, restando no lugar a caixa de concreto.

O engenheiro declarou ainda que, por livre iniciativa, diversas vezes vistoriou a igreja por fora e por dentro e que não viu nenhuma fissura, trinca ou qualquer rachadura que pudessem ser provocadas pelas raízes das árvores, já que elas estariam contidas pelas paredes de concreto da caixa.

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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