FATO CONSUMADO – FIGUEIRAS DA PRAÇA DA MATRIZ FORAM REMOVIDAS

As duas fileiras de fícus (figueira) que estavam plantadas na praça da Matriz de Ibiúna, em frente à fachada da igreja, foram removidas hoje (4) pela Secretaria do Meio Ambiente.

Em um vídeo feito pela Prefeitura, o pároco da Igreja, Benedito Cesário, chegou a pedir a “conivência” da população para essa medida, alegando três motivos: sem as plantas a igreja ganhará melhor visibilidade, o local ficará mais claro e mais seguro; as raízes estariam comprometendo a própria estrutura no subsolo da paróquia secular.

O secretário do Meio Ambiente, Rafael Ribeiro, no mesmo vídeo, informou que irá compensar a remoção dessas árvores exóticas, “não pertencentes ao bioma brasileiro” [elas são originárias da Malásia] com plantação de árvores em outros locais e que no local haverá um jardim.

O secretário também ressalvou que não se tratava de uma reforma da praça. Aliás, a última reforma foi realizada pelo ex-prefeito Fábio Bello e inaugurada no dia 25 de maio de 2007 e criticada por muitos munícipes.

“Fizeram um buracão enorme, onde foi instalado um palco, e uma cobertura para abrigar táxis apelidada de charuto pela população”, comentou uma leitora. A praça que na verdade sofreu diversas mudanças ao longo do tempo, “perdeu a graça de um local típico do interior”.

Os moradores mais antigos gostavam da praça de antigamente com suas fontes luminosas e árvores que faziam sombra para o desfrute dos cidadãos.

Vadô Santos, técnico ambiental que vinha postando vídeos reivindicando a remoção das figueiras, comemorou: “Agora sim…tiraram aquele moitão que escondia Nossa Senhora!”.

Embora vista de outro ângulo, a foto mostra a composição das figueiras em frente à Igreja Matriz: todas foram removidas hoje

Vale lembrar que no mesmo local de onde foram removidas as árvores no dia 20 de março de 2010 foi inaugurado o “Memorial da Resistência à Ditadura”, um mural com dupla face com a exibição de estudantes que perderam a vida durante a ditadura militar.

Houve quem não gostasse desse monumento no local, que acabou sendo transferido para um canto da praça localizada em frente ao Paço Municipal, onde está sujeito à ação do tempo e quase não é percebido pelos transeuntes.

Esse mural comemora a realização do 30º Congresso da União Nacional dos Estudantes realizado em 1968 em um sítio localizado no bairro do Murundu e que foi reprimido por integrantes do Exército e da Força Pública (hoje Polícia Militar), com a prisão dos participantes.

CONSELHOS FORAM CONTRA

O engenheiro Marcelo Zambardino comentou que a Prefeitura de Ibiúna “tentou empurrar a responsabilidade de cortar essas árvores para o Conselho Municipal de Turismo – Comtur e o Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente, mas isso não foi aceito. A maioria dos integrantes de ambos os Conselhos votou contra a retirada das árvores. É importante a população saber isso.”

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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