UM CANDIDATO IDEAL PARA PREFEITO DE IBIÚNA

A recente realização em Ibiúna de uma enquete sobre pré-candidatos a prefeito da cidade nas eleições de 2024 e outra que está em andamento concentrada aparentemente na zona rural, a mais de um ano da realização do pleito, parecem indicar certa ansiedade ou esperança de que o evento ocorra logo para que haja mudança no governo municipal.

Essa perspectiva recoloca uma questão que continua em aberto sobre a competição de grupos políticos instalados no município em torno de siglas partidárias.

Acabo de ler a síntese de um ensaio que procura explicar a origem da “malandragem” no Brasil, ou, para usar uma expressão mais amena, aquilo que ficou conhecido como a Lei de Gerson, que se refere ao uso de artimanhas para se levar vantagem em tudo. Isto inclui a falta de escrúpulos, de ética e de moralidade.

Parece haver uma tendência de “eternização” de governantes eleitos e descumprirem todas promessas feitas aos eleitores e usarem os patrimônios públicos como se fossem objetos privados. Ou seja: entra governo, sai governo, e os mesmos problemas continuam sempre em prejuízo da população.

“CANDIDATO IDEAL”

Exatamente por isso, decidi, mais uma vez, construir um “candidato ideal” a prefeito para a nossa cidade, considerando os imensos desafios como eliminar ou reduzir o índice de analfabetismo, em torno de 32%, melhorar agudamente a qualidade do sistema público de saúde, a educação, as estradas, a segurança pública, embora saibamos que esses problemas sejam endêmicos no País. Eis algumas características de um “candidato ideal”:

UM NOVO OLHAR – Na tentativa de traçar “um candidato ideal” a prefeito de Ibiúna no próximo ano, consideramos prioritário que esse cidadão-político ofereça ao povo um novo olhar sobre velhas coisas. Esse novo olhar deve ser concebido na mente do candidato, na forma de pensamentos maduros, consequentes e bem definidos. É preciso haver clareza mental para bem governar.

  • PLANEJADOR – Em todos anos eleitorais, como se sabe, os candidatos têm que apresentar um plano de governo que frequentemente fica esquecido, muitas vezes por conveniências político-administrativas imediatistas.  Terá, então, o postulante ao cargo que fazer uma pesquisa séria, científica, ouvindo da voz popular as suas necessidades, a sua realidade existencial, seus sonhos. A partir dos dados obtidos, aí, sim, formular um plano mais próximo possível da realidade objetiva. E, lógico, implantá-lo.
  • ORGANIZADOR – Deve ser capaz de conceber, com clareza e simplicidade, um sistema organizacional, a fim de garantir o bom andamento dos trabalhos que devem ser realizados em toda a corporação municipal. Sim, é preciso abandonar o antigo conceito de Paço Municipal para um centro de inteligência conectado ininterruptamente com a população.
  • PACTO DE CORRESPONSABILIDADE – Deve, logo após a posse, reunir todo o corpo funcional em um único lugar [aqueles que não puderem ir por conta das contingências, irão em outro momento] e estabelecer um pacto de corresponsabilidade pública. É uma ideia audaciosa? Sim, mas poderá coroar o início de um novo estilo de governo, moderno, arejado, limpo, agregador de missão, visão e valores.
  • SERVIDOR DO POVO – O “candidato ideal” deve agir como autêntico servidor do povo e que isso exige grande empenho e saber de antemão que sua vida não será um mar de rosas, mas de sacrifícios diários que, amando de verdade o que faz, poderá compensá-los pelas gratificantes consequências de um bom governo que conquiste a aprovação popular.
  • MOTIVADOR – Para conseguir protagonizar esse papel deverá montar uma equipe de trabalho que deverá funcionar como uma orquestra ou um organismo saudável, promovendo bons hábitos sociais, motivações positivas e até mesmo um sistema de premiação a incentivar boas ideias, bons pensamentos e boas ações. Em suma, exercer o papel que lhe cabe de liderar processos.
  • HONESTIDADE – Ser honesto é fundamental para consagrar um bom governante. A pessoa honesta repudia a malandragem e a esperteza de querer levar vantagem em tudo. É agir com dignidade sem precisar mentir ou enganar, sendo confiável, sincera. Ser coerente com a verdade, a justiça e a integridade moral.

Bem, por enquanto é isso. Se algum futuro candidato ler estas linhas e refletir um pouco sobre elas, já terá valido tê-las escrito. (C.R.)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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