IBIÚNA – ROUBARAM A SANFONA DO VALDECI

O grande Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, popularizou o uso da sanfona no Brasil, com suas músicas de imenso sucesso. Pois bem! Um dia roubaram sua sanfona. Indignado, ele falou: “Quem roubou minha sanfona, aí! Não faça isso de novo.”

Valdeci da Sanfona, um paranaense de 60 anos que vive há 30 em Ibiúna foi ao culto neste domingo (7) ouvir “a palavra de Deus” na igreja Testemunha de Jeová.

Quando voltou para a casa no bairro da Cachoeira, em Ibiúna, por volta das 20h15, parecia tudo normal. Entrou com a esposa. Aos poucos deram falta do telefone da mulher, depois de uma jaqueta nova, tênis, botina…e da sanfona.

Valdeci sempre tinha o sonho de tocar sanfona, “mas é um instrumento muito caro”, o pai não podia comprar uma. De qualquer forma, começou a aprender aos 16 anos e já se passaram 42.

Ela chegou depois de muito trabalho. Uma Todeschini de 120 baixos, vermelha e branco [foto]. Adquiriu de uma estudante de música moradora no Colinas, onde ele trabalha, que a vendeu depois de sua formatura.

“Sou o segundo dono”, diz Valdeci, revelando que foi fabricada há 42 anos na empresa de mesmo nome localizada no Rio Grande do Sul, que pegou fogo e parou a produção. “Existem somente 100 dessas sanfonas no Brasil”, informa lamentando profundamente que os ladrões a levaram.

“A sanfona tem muito valor para mim. Ela tem uma excelente sonoridade e faz parte da minha vida e das pessoas para as quais toco, em festas e bailes. O telefone celular, a gente compra outro, mas não tem como comprar a sanfona.”

Valdeci, no estúdio da rádio Space, com a sanfona que foi levada pelos ladrões na noite de domingo

AVISE A POLÍCIA

Quem souber do paradeiro da sanfona pode avisar a Polícia Militar através do 190, a Guarda Civil Municipal 153 ou (15) 3241-2509 ou a Delegacia de Polícia (15) 3241-1222. Não é preciso se identificar.

SANFONA

As origens mais primitivas da sanfona, ou acordeão, se encontram na China, há 3.000 a.C, foi aperfeiçoada na Alemanha e chegou ao Brasil no século XIX trazida pelos imigrantes, principalmente italianos e alemães que ficaram concentrados em sua maioria nas regiões dos estados de Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul.

Quando se queixou do roubo da sua sanfona, Luiz Gonzaga estava refletindo o sentido simbólico da sanfona como um instrumento com aura sagrada no Nordeste.

A razão talvez seja a mesma que faz Valdeci Rebouças Santos lamentar o seu roubo: o som da sanfona nos faz dançar, brindar e abraçar a vida.

Vitrine online apela àqueles que a tenham furtado que, de alguma forma se arrependam, e deem um jeito de devolvê-la ao seu legítimo dono, porque ela está fazendo falta, pois tem um valor sentimental que não se compra com dinheiro.   

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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