MAS, QUE CIDADE É ESTA?

Confesso que, tão logo conclui a gravação com o Ademir, o cego que na manhã de hoje (15) caiu em um buraco na calçada da Rua Guarani, no centro de Ibiúna, não consegui conter um palavrão. Até cheguei a pensar que teria ficado gravado, mas não, felizmente.

Afinal, Ademir sentia dor na perna e achava até mesmo que ela havia se quebrado.

Segui andando constrangido com tanta falta de respeito com os cidadãos portadores de deficiência.

Anotei um fato irônico, ele havia reclamado que havia buracos e tampas de bueiros quebradas na Avenida Fortunatinho por onde teria que passar. Ali fica o gabinete da Secretaria Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência.

Uma leitora chegou a dizer que foi Deus que colocou o repórter ali no momento do acidente. Curioso é que pensei a mesma coisa, senão esse triste fato jamais seria de conhecimento público. A TVUNA publicou o vídeo e a revista eletrônica vitrine online, a notícia com três fotos.

A repercussão está sendo estrondosa e a melhor parte é que a indignação popular chegue até as autoridades da administração pública ibiunense e que eles tomem as providências para que tais fatos não se repitam, ao menos no lugar onde o fato se deu.

Na profusão de comentários, uma leitora perguntou: “Até quando vai ser essa situação perigosa? O que mais precisa acontecer para tomarem as providências?” Ela defendeu que se instale na calçada piso tátil que permita aos deficientes visuais andarem com segurança, e não buracos traiçoeiros.

A esposa do Ademir fez duas confissões comoventes: “Ademir é meu marido, infelizmente tem que passar por essa situação.” Não teria, não, se as autoridades respeitassem os cidadãos.

“Toda vez que ele quer sair sozinho fico muito preocupada, com medo desses acidentes. Mas, infelizmente, muitas vezes não posso acompanhá-lo e ele precisa enfrentar tudo isso sozinho. Obrigada jornalista Carlos Rossini.”

Da nossa parte falta dizer que essa situação é vergonhosa e que as autoridades deveriam fazer de tudo para honrar a confiança que lhes foi atribuída pelos votos da população que, certamente, esperava que eles cumprissem as promessas feitas durante a campanha eleitoral. (C.R.)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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