IBIÚNA – ENGENHEIRO AFIRMA: “EM ENGENHARIA CIVIL NÃO SE INAUGURA OBRA INACABADA”

Ao inaugurar a rodoviária de Ibiúna sem que ela estivesse acabada, as autoridades da Prefeitura cometeram dois erros palmares que continuam repercutindo negativamente na opinião pública ibiunense.

O primeiro, segundo nos contou o engenheiro civil Marcelo Zambardino, que fez uma avaliação técnica da obra para vitrine online e TVUNA, no dia 29.3, foi inaugurar uma obra inacabada.

“Em engenharia civil quando se tem uma obra inacabada não há condições dela estar à disposição para uso da população. Isso significa que [a inauguração] está errada.”

Inaugurada na manhã domingo, dia 24 de março, dia do 167º aniversário do município de Ibiúna, a rodoviária permanece fechada até agora. As pessoas passaram a aguardar os ônibus no local no mesmo dia, por volta das 12h, sentadas em cadeiras de plástico que haviam sido usadas na festa de inauguração, uma vez que não foram instalados bancos para as pessoas se sentarem, enquanto aguardam pelo transporte coletivo.

Na sexta-feira o número de cadeiras de plásticos já havia diminuído notoriamente, já que a empresa que supostamente [não há informações oficiais a respeito] foi contratada pela Prefeitura para administrar a rodoviária já havia devolvido uma parte delas para a empresa da qual foram alugadas.

Na sexta-feira também haviam instalado um pequeno trecho de piso tátil, para facilitar a movimentação de portadores de deficiência visual, mas apenas na ponta de uma das calçadas e em uma faixa no lado de dentro.

Caixa para descarga das águas pluviais sem tampa começa a virar lixeira
Sem lixeiras para coleta de lixos recicláveis, a improvisação com caixas de papelão

Como o prédio permanece fechado, os usuários dos ônibus, entre os quais muitas pessoas idosas, não podem usar os banheiros, tendo que se dirigir aos sanitários do supermercado que fica próximo.

O elevador que deverá garantir a acessibilidade aos banheiros no piso superior ainda está sendo montado.

Nenhuma sinalização para orientar os passageiros estava instalada, bem como não há lixeiras para coleta de lixo seletiva de separação de papel, metais e plásticos. O que se vê são algumas improvisadas caixas de papelão.

Os pilares externos da estrutura da rodoviária não foram devidamente lixados e pintados, de modo que aparecem nitidamente restos da pintura da antiga rodoviária.

Uma das caixas para descarga das águas pluviais não tem tampa e já se notava em seu interior acúmulo de lixo; outra está quebrada.

O engenheiro Marcelo Zambardino observou que o forro de gesso instalado é inadequado para esse tipo de construção e que, quando houver infiltração de águas da chuva, poderá sofrer danos por umidade, cair e provocar acidentes.

Ele observou também falta de isolamento em condutos da fiação elétrica e as caixas de passagem que têm uma barra de ferro um pouco acima do piso e que “com certeza as pessoas vão acabar se machucando”.

No sétimo dias após a inauguração, prossegue a instalação do elevador

O plantio de grama na área do jardim igualmente reflete que as placas foram colocadas ali de modo descuidado. Nota-se que a grama está amarelando por falta de água.

O piso no entorno da rodoviária feito com concreto armado simplesmente foi injetado pelas betoneiras e ficou com uma aspereza raramente vista em obras desse tipo, assim como, de acordo com o engenheiro civil, já se observam pontos de esfarelamentos, um prenúncio de futuros buracos no local.

Tecnicamente, se o engenheiro tivesse que dar uma nota para a obra, realizada pela empresa construtora com notória pressa para ficar pronta na data estipulada pela Prefeitura, seria um 6.

ERRO ESTRATÉGICO

O segundo erro cometido pela administração municipal foi o açodamento político, em ano eleitoral, para fazer coincidir, de modo forçado, a inauguração da rodoviária no aniversário da cidade, num ambiente festivo para o qual não faltou uma dupla de cantores sertanejos famosos na Área de Lazer da cidade.

Centenas e centenas de cidadãos se manifestaram indignados nas redes sociais contra a atitude das autoridades municipais.

Vitrine online apurou que mesmo funcionários municipais que ocupam funções superiores, embora cautelosos, não consideraram adequado inaugurar uma obra de caráter social relevante, antes que que a reforma estivesse concluída, pois já pressentiam o enorme risco de reprovação popular.

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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