O ALEPH E [ALGUNS] HORRORES DO MUNDO ATUAL
O escritor argentino Jorge Luis Borges criou o Aleph, um livro de contos. Aleph é um dos contos que dá título à obra escrita em 1949. Tenho-o na minha biblioteca e em algum momento vou marcar um reencontro para releitura. Antes precisarei encontrá-lo e isso às vezes exige uma paciência franciscana.
Como o hábito da leitura permanece em baixa por conta da superficialidade das nossas vidas inspiradas na $obrevivência imediata, exceto para aqueles que acreditam que o conhecimento é um caminho de libertação, vou fazer um resumo com pedido de perdão ao autor argentino, mas suficiente para o objetivo de agora.
O protagonista do conto descobre no porão de sua casa em Buenos Aires um ponto que lhe permite ver tudo o que existe no mundo.
Se cada um de nós encontrasse um Aleph em nossa casa, o que veríamos no mundo atual, se nos livrássemos de nossa visão habitualmente restrita aos nossos mundos imediatos?
Pois eu digo: horrores!
Vejo crianças palestinas implorando por comida e água, gestantes sofrendo violências insuportáveis e morrendo na Faixa de Gaza, destruída por bombardeios incessantes sob o comando do sanguinário insaciável e desumano primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
Mais de 60 mil pessoas já morreram na Faixa de Gaza, a maioria crianças e mulheres.

É óbvio que nada poderá justificar o pior ataque surpresa perpetrado por terroristas do Hamas contra Israel no dia 7 de outubro de 2023, que resultou em muitas mortes, motivo da reação israelense. A crueldade assassina dos terroristas foi antes de tudo uma brutal covardia. Mas quem está sendo mortalmente vitimada é a população civil palestina.
Mas os milhares de mortos, a destruição devastadora na Faixa de Gaza, parece ainda insuficiente para Netanyahu, cujo propósito aparente é a dominação absoluta do mesmo lugar que acolheu milhares de judeus perseguidos por Hitler durante a Segunda Guerra Mundial. Eles desembarcaram no litoral de Gaza trazidos em navios lotados de crianças, jovens, adultos e idosos. Mundo estranho, não?
O uso da força extrema, como se observa pelo noticiário parece traduzir um projeto de extermínio da população.
Os protestos que estão ocorrendo em várias partes do mundo, incluem judeus que saem às ruas de Tel Aviv portando cartazes pedindo o fim de tanta desumanidade contra um povo que não mais suporta tamanha exaustão criminosa.
E o conflito surgido a partir do ataque da Russia na Ucrania? Quantas vidas perdidas? Os foguetes não escolhem vítimas, simplesmente arrasam e matam. E a guerra prossegue e sabe-se lá quando vai findar? Os principais efeitos das guerras são mortes, dor, sofrimento, destruição de cidades inteiras, suas histórias, casas, jardins. Um horror!
E o que dizer da talvez mais nefasta situação atual do mundo sob o rompante autoritário de um único homem, Donald Trump, que pretende subjugar o mundo todo ao seu pendor imperialista?
Nunca se viu algo nessa proporção que está causando desiquilíbrios profundos nas relações econômicas internacionais e provocando grandes perturbações no sistema econômico mundial.
Quem acompanha as manifestações internas da sociedade norte-americana, incluindo artistas famosos, professores, empresários, economistas de renome, prêmios Nobel, magistrados isentos, vê nitidamente o temor gerado pelas inconsequentes medidas trumpistas, como a terrível perseguição aos imigrantes, sendo ele e seus ancestrais também imigrantes das colonizadas terras do Tio Sam.
Observadores de todo o mundo em uníssono apontam Trump como protagonista do declínio do império norte-americano. Uma das evidências mais notórias observadas por economistas é que os EUA se tornou o país com a maior dívida acumulada em todo o planeta, estimada em mais de 25 trilhões de dólares.
As medidas impostas são grotescas, especialmente contra o Brasil, com tarifas empacotadas com poses desmedidas de poder, estão sendo consideradas como as mais absurdas já adotadas pelo país que até então era considerado o “modelo” de democracia para o mundo.
Os ataques à sociedade civil norte-americana perpetrados por Trump mostram que seu governo está provocando a própria ruína, tida como inevitável por historiadores competentes.
Não será por querer induzir a miséria no mundo, enfraquecer as nações, até mesmo “as amigas”, para poder criar um reinado absoluto, que irá conseguir seu intento. Não será sob Trump que se farão os Estados Unidos grandes novamente. Os fatos estão a indicar que está acontecendo exatamente o contrário.
Do meu Aleph vejo a inquietação de cidadãos norte-americanos perplexos com a situação inusitada. Estão se manifestando publicamente de modo cada vez mais intenso, como se estivessem advertindo o comandante de um navio a presença de um gigantesco iceberg pela proa. (Carlos Rossini é jornalista, diretor da TVUNA e diretor da vitrine online)