IBIÚNA – SAIBA POR QUE O CORREIO FUNCIONA DE MODO PRECÁRIO E ONDE RECLAMAR

O tempo de espera determinado para atendimento na Agência dos Correios deveria ser no máximo de 30 minutos, mas em Ibiúna [mas também em outras cidades] pode chegar a 2 horas, mesmo que os poucos atendentes se esfalfem ao extremo até ficarem doentes por esforço estressante contínuo.

No organograma da agência há 6 funcionários: 3 no atendimento aos clientes [mas na hora do almoço em rodízio há somente 2 atendentes no balcão], 1 gerente, 1 funcionário interno e 1 afastado ao INSS por estresse de trabalho.

Os atendentes recebem de 700 a 1.000 cartas simples e de 200 a 300 pacotes, cartão e envelopes Sedex por dia que precisam ser rigorosamente controlados para que cheguem aos destinatários em qualquer região do País.

O desgaste emocional para dar conta da intensa atividade diária fez com que a agência passasse a funcionar apenas 6 horas por dia, das 9h às 15h. Às vezes há extrema necessidade de fechar a agência antes, o que tem provocado inúmeras queixas dos clientes.

PROBLEMAS, PROBLEMAS

Além da notória escassez de mão de obra [o número de funcionários é insuficiente para dar conta da demanda], há outros problemas à espera de solução por parte da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT, empresa federal vinculada ao  Ministério das Comunicações – MCOM.

. A agência dos Correios em Ibiúna ficou obsoleta para cumprir sua missão satisfatoriamente. O espaço interno dedicado à espera é pequeno, há poucas cadeiras fazendo com que a maioria das pessoas tenha que esperar em pé. O prédio é antigo e precisa de reforma interna.

. Durante longo tempo de espera é natural que os clientes, incluindo pessoas idosas, sintam extremo desconforto. No local não há banheiro, bebedouro, cadeiras suficientes, janelas para arejamento, ar condicionado.

. Quem decide ir a outra agência na região tem que enfrentar quilômetros de distância de qualquer uma das cidades vizinhas.

. O espaço das áreas restritas de onde se destinam correspondências e pacotes ficou demasiado pequeno e congestionado pelos volumes que entram e saem.

. A maioria dos bairros não tem abrangência de entrega domiciliar [os carteiros não fazem entregas em todos os bairros]. Em média 70% do município não tem entrega. Por isso, as pessoas têm de se deslocar até a agência para buscar cartas e encomendas, o que contribui para aumentar ainda mais as dificuldades.

. Quando as pessoas não retiram cartas e encomendas o Correio tem também que devolver aos emitentes.

CÂMARA E EXECUTIVO

Recentemente tanto a TVUNA quanto vitrine online publicaram notícias da precarização da agência dos Correios em Ibiúna. Como os CEPS foram individualizados caberá à Prefeitura fornecer ao Correio o mapa do município assim como emplacar as ruas e os números das residências.

Uma equipe da Prefeitura esteve na agência para levantar as necessidades da empresa e tomar as providências relacionadas à localização exata dos endereços.

A Câmara Municipal enviou um ofício à agência pedindo esclarecimentos sobre as dificuldades que vêm sendo enfrentadas pela população.

O documento foi encaminhado à Superintendência dos Correios no Estado de São Paulo, localizada em Bauru. Dali seguiu para a Regional de Sorocaba para esclarecimentos. Sorocaba veio a Ibiúna fotografou a fachada do Correio e retornou a Bauru, como se tivesse bem.

Ou seja, esse contexto indica que o sofrimento da população e dos funcionários da Agência continuarão sem solução por um tempo imprevisível.

CAUSAS DO PROBLEMA

Toda essa problemática se deve, segundo especialistas, à situação falimentar dos Correios resultante de uma combinação de fatores, incluindo perdas de receita devido à “taxação das blusinhas” (tributação de compras internacionais), corte de investimentos históricos, aumento de despesas operacionais,  defasagem na modernização da empresa e uma dependência excessiva do mercado de remessas internacionais.

A legislação, que dificulta investimentos privados, e a manutenção de serviços deficitários que atendem à função social também contribuíram para a sua “fragilidade financeira”, de acordo com analistas.

CRISE FINANCEIRA

Em 2025, os Correios [que por muito tempo funcionaram como monopólio no País] enfrentam uma crise financeira profunda, registrando prejuízos recordes no primeiro semestre, triplicando o prejuízo do ano anterior para R$ 4,3 bilhões.

Esse cenário complicado fez com que a empresa anunciasse um plano estratégico focado em modernização, diversificação de serviços e corte de gastos. Isso inclui a suspensão temporária de férias, o fim do trabalho em casa para alguns funcionários e a redução de jornada, além de medidas como a venda de imóveis e otimização logística. O governo também busca recursos externos e espera um alívio com a aprovação de R$ 1,6 bilhão em seu orçamento.

O novo presidente da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT, é Emmanoel Schmidt Rondon, que foi escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em setembro de 2025. Ele é um funcionário de carreira do Banco do Brasil e assumiu o cargo após a renúncia de Fabiano Silva dos Santos, em meio a uma crise financeira na estatal.

ONDE RECLAMAR

Caso você, cidadão, queira registrar sua queixa contra essa situação pode abrir o portal GOV.BR, entrar no Ministério das Comunicações, Ouvidoria e registrar a reclamação.

Também pode encaminhar e-mail para a Superintendência dos Correios no Estado de São Paulo para o e-mail: se-spi@correios.com.br

O telefone da Superintendência é: (14) 3108-4004

Sede da ECT em Brasília

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *