IBIÚNA – LICITAÇÕES DA SAÚDE PODEM SINALIZAR O PONTO DE VIRADA DO ATUAL GOVERNO
Os chamamentos de organizações sociais para a participação em duas licitações – para gerenciamento tanto do Hospital Municipal de Ibiúna (HMI) quanto da Rede de Atenção Básica (postos de saúde), Estratégia da Saúde da Família (ESF), Centro de Especialidades, Centro de Atenção Psicossocial (CAPs) e Centro Odontológico – podem se tornar o ponto de virada do atual governo municipal.
Essa é a perspectiva de alguns assessores do prefeito Mário Pires e de notável parcela da população que acredita que ele fará um bom governo. Consideram que se trata de uma questão de tempo e dos efeitos das medidas que estão sendo preparadas e ainda desconhecidas da população.
Assim, vivem os cidadãos um estado de espera, como os espectadores sentados nas poltronas em um teatro, até que o terceiro toque da campainha se faz ouvir, as cortinas se abrem, para que, enfim, os personagens comecem a interpretar seus respectivos papéis.
O atual governo completa 9 meses de mandato no próximo dia 30. Tendo sido eleito com recorde histórico de votos, o tamanho da esperança aberto nos sentimentos da população transcorreu na mesma proporção.
DECEPÇÃO
Ouvindo dezenas e dezenas de cidadãos informalmente, nota-se uma clara tendência de frustração em face da percepção gerada pelo contraste entre sua intensa mise en scène nas redes sociais e a aparente inação objetiva do seu governo, principalmente na área da saúde.
O sentimento geral é de que está havendo muita demora para a adoção de medidas eficazes aos olhos da população e isso cria borrões na sua sorridente e ativa imagem de homem público.
MÁ FAMA
Esse fenômeno acontece num contexto em que os serviços prestados pelo HMI sofrem o estigma de serem considerados precários e insatisfatórios, como se verifica em constantes postagens nas redes sociais. São décadas e décadas de queixas, denúncias e reclamações por mau atendimento, ainda que, é preciso reconhecer, bons serviços tenham sido prestados numa diversidade de casos pontuais.
PROBLEMAS ESTRUTURAIS
Isto, no entanto, não deve ser debitado na conta dos profissionais de saúde, ou mesmo do atual governo, mas aos problemas estruturais não resolvidos até hoje e levados com a barriga por gestores municipais despreparados ou insensíveis em relação às necessidades humanas inadiáveis na área da saúde. É natural, portanto, que os cidadãos passem a descrer de modo generalizado em promessas de mudança.
SITUAÇÃO IRÔNICA
Talvez não baste dizer que ironicamente o hospital tenha fechado as portas quando o prefeito era um médico, que haja um número insuficiente de médicos por plantões, ou que faltem medicamentos, que médicos recusem convite para trabalhar no hospital pela fama de má reputação, por históricos e recorrentes atrasos de pagamento [estão em dia no atual governo], do esforço exigido sobretudo do pessoal da enfermagem em número insuficiente diante da demanda diária.
PIOR HERANÇA
A questão da saúde pública no município de Ibiúna foi, além da desastrosa situação financeira denunciada, a pior parte da herança deixada para o atual governo.
Esse fato, no entanto, não deve servir para alimentar resignações e sim como oportunidade para demonstrar que os novos atores políticos devem agir de modo competente para resolver os problemas sobejamente conhecidos.
FIO DE ESPERANÇA
Por isso, se houver a felicidade na escolha das melhores propostas, dentro dos pré-requisitos impostos nos editais, certamente o fio de esperança em torno do chefe do Executivo venha a ser o condutor de energia em direção ao objetivo que todos almejam: a melhoria substancial nos serviços de saúde à população de Ibiúna.
CHAMAMENTOS
Como se sabe os dois novos chamamentos públicos para parceria com organizações sociais foram necessários porque a atual prestadora de serviço no HMI, o Igats, entrou com uma ação judicial aceita pelo Tribunal de Contas do Estado e conseguiu espichar sua gestão por 90 dias, com um ganho pecuniário extra pelo aumento dos valores recebidos por força de um aditivo ao contrato original.
ATENÇÃO BÁSICA
As propostas do chamamento nº 06/2025, publicado no Imprensa Oficial 1162, de 10.9.2025, que visa a contratar empresa para atuar na Rede de Atenção Básica (postos de saúde), Estratégia Saúde da Família (ESF), Centro de Especialidades, Centro de Atenção Psicossocial (CAPs) e Centro Odontológico, serão recebidas no dia 31.10.2025.
HOSPITAL MUNICIPAL
O contrato a ser firmado com a organização vencedora prevê gerenciamento das ações e serviços de saúde, incluindo manutenção predial, reformas e compra de equipamentos [leia abaixo a nota enviada pela Prefeitura, sobre o novo plano de saúde].
As propostas do chamamento para gerenciamento e execução de ações e serviços no Hospital Municipal de Ibiúna serão recebidas no dia 4.11.2025. (Carlos Rossini é diretor da TVUNA e editor de vitrine online)
NOTA DA PREFEITURA DO
NOVO PLANO DE SAÚDE
A pedido de vitrine online, a assessoria de Imprensa da prefeitura enviou a seguinte nota sobre o novo plano de saúde a ser implantado em Ibiúna, a partir da contratação da(s) futura(s) organização(es) contratada(s) mediante as licitações citadas acima:
“O Hospital Municipal de Ibiúna e a Rede de Atenção Básica e complementar de Saúde terão uma forma de trabalhar mais dinâmica e ampliada, como modernização e informatização dos atendimentos. O novo plano de trabalho prevê que as futuras contratadas disponibilizem mais médicos, sendo especialistas, clínicos gerais e com versatilidade para alternar a demanda da cidade.
Um dos pontos de destaque é a previsão de recurso para a manutenção predial preventiva e corretiva, além de pequenas reformas. Hoje, a manutenção do Hospital não está incluída no contrato, o que dificulta manter a manutenção estrutural em dia. Esse mecanismo também prevê a compra de equipamentos como macas e cadeiras, por exemplo. Vale lembrar que os berços térmicos para recém-nascidos ficaram quebrados por mais de 4 anos, tendo sido consertados nesta gestão.