SÃO SEBASTIÃO – VEM AÍ A GRANDE FESTA DO SANTO PROTETOR DE IBIÚNA
Sempre em segredo, os irmãos gêmeos Luiz Francisco Vieira Ruivo e Antonio Carlos Vieira Ruivo preparam com esmero e criatividade os andores de São Sebastião e do Divino Espírito Santo. Ambos ibiunenses e professores de artes, fazem esse trabalho há muitos anos com admirável dedicação e sempre procuram surpreender com novidades nos arranjos e cores.
A imagem do protetor de Ibiúna chegará à cidade trazida do Sertão, onde tem sua capela, pelos romeiros, no último sábado de maio, como reza a tradição, e que este ano será no dia 31. Obra de arte barroca em madeira vinda da Itália, fica sob a guarda de ambos os irmãos e só sai mesmo durante os festejos em louvor do santo.
São Sebastião é venerado no mundo cristão especialmente como protetor. Nasceu na França, se mudou com a família para Milão e, quando jovem, tornou-se soldado nas legiões do imperador Diocleciano. Sua bravura militar o destacou a ponto de ser nomeado comandante da guarda pessoal de Diocleciano que, na ocasião, realizava uma caça a todos os soldados cristãos para expulsá-los de suas tropas. Os cristãos eram considerados inimigos de Roma, perseguidos e torturados até a morte.
Um soldado denunciou São Sebastião que, além de cristão, protegia seus irmãos de fé. O imperador se sentiu traído pelo chefe de sua guarda pessoal e em vão tentou convencê-lo de renunciar à sua fé. O soldado confessou sua crença e também apresentou os motivos pelos quais sustentava sua fé cristã e socorria os aflitos e perseguidos.
Tomado pelo ódio, Diocleciano ordenou que Sebastião fosse morto a flechadas. Despido, amarrado a um tronco de árvore, teve seu corpo perfurado por várias setas. Ficou abandonado para que sangrasse até morrer.
Irene, mulher do mártir Castulo, com algumas amigas, foi ao lugar da execução para remover o corpo do santo, quando perceberam que ele ainda estava vivo. Levaram-no para casa onde foi socorrido e se restabeleceu.
Sem abrir mão de sua fé e com o objetivo de prosseguir sua atitude evangelizadora, apresentou-se diante do imperador denunciando as injustiças cometidas contra os cristãos. Furioso, Diocleciano determinou que Sebastião fosse espancado até a morte, com pauladas e bolas de chumbo e seu corpo jogado no esgoto público de Roma. Isto aconteceu no ano 287.
Nessa época, uma peste terrível assolava Roma, fazendo muitas vítimas fatais. A epidemia desapareceu quando seus restos mortais foram transladados. Por isso, São Sebastião foi venerado como protetor contra a peste, fome e guerra. Milagres semelhantes aconteceram em Milão (1575) e Lisboa (1599), quando outras epidemias foram debeladas a partir do momento em que o povo suplicou por sua intercessão.
Em Ibiúna, por volta de 1884, duas epidemias irromperam simultaneamente no sertão, então denominada Una. Elas se espalharam para outras vilas e com elas se estabeleceu o pânico na população. A fazendeira Alexandrina Augusta de Goes [Nhá Xanda] fez trazer do Rio de Janeiro [onde o santo é padroeiro] uma imagem de São Sebastião para ser colocada em uma das grutas existentes em suas terras. A epidemia cessou rapidamente. No local foi erguida uma capela dedicada a São Sebastião, no bairro do Pocinho, situado a cerca de trinta quilômetros do centro de Ibiúna. Mais tarde teria início a tradição das romarias [que este ano chega à sua 95ª edição] para o local onde as pessoas assistiam às missas, rezavam, pediam e agradeciam pelas graças recebidas – como fazem nesses dias de festa em homenagem ao santo.
As romarias à capela de São Sebastião são o maior acontecimento religioso do município de Ibiúna e se iniciaram na verdade por ocasião da temida gripe espanhola [1917] que exterminou quarenta milhões de pessoas em todo o mundo mas que, pela proteção do santo, não atingiu Ibiúna. As comemorações religiosas e shows deverão atrair trinta mil pessoas, entre a população e turistas de várias regiões para a cidade, que viverá momentos de alegria, fé e esperança.