A ABSURDA CRUELDADE DOS BANDIDOS E A VIOLÊNCIA QUE ASSOLA O BRASIL EM TEMPO DE COPA
A cena descrita a seguir é rigorosamente verdadeira. O pai se levanta com o filho de dez anos para seguir para o trabalho, junto com a namorada. Todos atravessam a rua para pegar o carro que está na garagem do vizinho. Assim que o pai abre o portão e entra no veículo aparecem cinco assaltantes, entre alguns menores; o mais violento aparenta ter quarenta anos.
Agem todos rápidos, agressivos, impiedosos, violentos, gritam palavrões, humilham. O assaltante mais velho dá um tapa na cara do chefe de família e, em seguida, põe o cano do revólver em sua nuca. O filho, que perdera a mãe, um menino maravilhoso e muito bem-educado, implora: “Não mata meu pai, ele é a única pessoa do mundo para cuidar de mim.” O imbecil do assaltante grita: “Sai pra lá, merdinha, e dá com a coronha da arma na cabeça do menino.”
O pai informa que aquela não é sua casa, mas sim a que está em frente. O bandido os empurra para lá e continua a cena degradante diante de uma família dentro da própria casa. Arrebenta o que pode, como o telefone, rouba celulares, notebook, mochila com pertences pessoais, televisão e outros eletrônicos. Aparentemente, algum entre os bandidos que ficaram com o carro, suspeita que vizinhos tenham chamado a polícia e todos fogem, levando o carro da família. Se não, teriam roubado mais objetos.
Felizmente, os assaltantes não dispararam nenhum tiro, mas além da humilhação dos tapas na cara, da coronhada na cabeça do menino, deixaram todos traumatizados e impotentes. Esse era apenas um dos muitos crimes que ocorreram em Osasco, na região metropolitana de São Paulo nesse dia.
Há uma imbecil onda de violência como uma praga que assola o Brasil nesse tempo de Copa. São atitudes covardes de um país que parece retardado e hipnotizado para a realidade cruel que castiga a vida de milhares de brasileiros no dia a dia. A bandidagem, inclusos os menores delinqüentes que se multiplicam como formigas sociais e que cometem as maiores barbaridades certos de que não serão punidos, graças a uma legislação que não sabe conter os fatos da realidade.
As instituições [Executivo, Legislativo e Judiciário] brasileiras mostram-se inadequadas, débeis e fracas para enfrentar a tragédia de uma violência sem limites que aterroriza a população de norte a sul.
A sociedade perdida e não podendo confiar nos poderes constituídos precisa recorrer a “anestesias emocionais” para se proteger da dor dos outros que testemunha diretamente ou por meio dos veículos de comunicação, sobretudo nos programas que dão ampla e extensa cobertura a esses fatos. Mas é cada vez mais raro encontrar alguém que não tenha sido vítima de algum tipo de violência.
Os jogos e os esportes, em particular, são uma importante atividade para “desanimalização” do bicho-homem desde os tempos mais primitivos. Serve para ajudar a manter a saúde física e mental, a força, e canalizar a agressividade para fora da destrutividade do outro [a inteligência humana descobriu que é melhor chutar um bola do que a cabeça de uma pessoa], embora tenham se transformado, como é o caso do futebol, em grandes centro de comércio [a brutalidade continua nas modalidades UFC e MMA] e de instrumento político dos governos.
Estamos torcendo para que o campeonato mundial de futebol que começa daqui a alguns dias no Brasil transcorra em paz, mas será difícil prever o que continuará acontecendo nas cidades brasileiras em cada noventa minutos que dura uma partida. Ainda é muito chocante a diversidade entre o Brasil real e o Brasil idílico.