Obras paralisadas marcam o fim de uma administração em Ibiúna

Avaliar o desempenho de um governo que em breve vai pendurar as chuteiras é atividade relativamente fácil porque tudo que tinha para acontecer, já aconteceu. É coisa vista, passada.  Não há mais com que se iludir ou ter esperança. Nada resta a esperar, a não ser a entrega de cargos, funções e contas a pagar aos futuros ocupantes do poder público.

A administração de Ibiúna que se despede no dia 31 de dezembro deixou alguns ícones visíveis em forma de obras inacabadas ou atividades que tiveram um destino diferente do esperado.

O principal deles é o hospital da cidade (ou o sistema de saúde como um todo) que mereceu status e rompantes de poder realizador, de sucesso administrativo, e até como pretensioso fundamento supostamente capaz de sustentar uma candidatura a prefeito pela situação, afinal malograda.

Recentemente, voltamos a visitar o hospital (veja reportagem publicada no domingo, dia 3), quando o atual secretário da Saúde manifestou a palavra oficial sobre a situação do hospital e rebateu comentários no meio da população de que o hospital havia fechado. Por que razão teria surgido e se disseminado esse boato?

Antes de ter chegado ao nono mês de sua inauguração, com pompa e solenidade, é um ambiente triste, carente (de médicos, de conforto para os pacientes, de alimentação adequada, de atenção, de espírito terapêutico). Vejam lá como são as roupas de cama dos pacientes, como ficam nos quartos, e se sintam à vontade para interpretar os fatos conforme seu conhecimento de que seja um hospital e de acordo com sua sensibilidade.

O secretário enfatizou: “No hospital não falta medicamento.” Ouvi, longe dali, pessoas reclamarem por falta de medicamentos – como insulina, por exemplo, no Posto Central e nos postos de saúde (que passaram a atender precariamente em forma de rodízios semanais) – que se viram como podem para protegerem seus familiares, entrando com mandado de segurança ou reunindo a família, em casos extremos, para compartilharem a compra urgente de remédio que não pode esperar por processos burocráticos.

Outro ícone é a famigerada ciclovia. Nem é preciso dizer muita coisa e só verificar as fotos de uma obra não concluída e a situação em que foi deixada. Por que a obra parou? Os recursos acabaram antes da conclusão da obra? Quem planejou? Quem deveria executar? O que aconteceu? [leia a matéria “Prof. Eduardo corre contra o tempo para salvar verbas para Ibiúna”]

As obras da nova delegacia de polícia da cidade igualmente estão paralisadas. Alguém sabe quando serão retomadas? Quanto foi gasto e por que foram interrompidas? No lugar, o mato toma conta, a betoneira enferruja, as placas informativas estão desbotadas e tortas. O ambiente vazio e inútil.

Outro ícone impressionante é a estação rodoviária de uma cidade que se intitula estância turística desde o ano 2000. Os dois banheiros estão fechados com tapumes (montaram dois banheiros de alumínio do lado de fora, repugnantes e malcheirosos). Um grupo de jovens vê as fotos sendo tiradas e grita: “É isso, põe no jornal, se quiser nossa palavra de apoio pode contar.”

Sobre as reformas das escolas, há um exemplo sintomático: uma das “novas” salas da “Escola Municipal José Muniz”, no bairro da Cachoeira, está sem telhado e sem porta, portanto também não concluída.

Essas são algumas das marcas da atual administração da cidade de Ibiúna, sem contar a condição das estradas precárias e perigosas, como apontam, se queixam e reclamam os munícipes que dependem delas para escoar sua produção agrícola ou ir e vir para suas casas.

Em entrevista exclusiva para a vitrine online, o prof. Eduardo, que assumirá a prefeitura no dia 1º de janeiro, garantiu que as obras não iniciadas ou paralisadas também serão objeto de uma auditoria para  avaliar a situação em que receberá o governo e para determinar as providências cabíveis, se forem detectados e comprovados casos de irregularidades.

Por Carlos Rossini,
editor de vitrine online

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.