EMBOSCADA DE TORCIDA MATA MAIS UM JOVEM E REEDITA UMA DAS FORMAS MAIS PRIMITIVAS DE VIOLÊNCIA HUMANA

 Cabos de picareta, facas, rojões, enxadas, pedras e outros aparatos de “guerra”  faziam parte do arsenal de um grupo de 150 palmeirenses integrantes da Mancha  Alviverde que, no domingo passado (19), fizeram uma emboscada e atacaram o  comboio composto por dois ônibus e dois automóveis, dos torcedores do Santos,  que subia a Via Anchieta rumo ao Estádio do Pacaembu, em São Paulo, onde se  realizou o jogo entre Santos e Palmeiras. Resultado: um palmeirense de 21anos,  de três atropelados, morreu, outros torcedores saíram feridos do conflito.  Infelizmente, esse absurdo continuará acontecendo pela bestialidade e  ignorância que dominam seres humanos ainda vegetando em estado primitivo.

Esse triste episódio teria acontecido por vingança. Em outra partida na Vila Belmiro, em Santos, entre e Palmeiras e o alvinegro da Baixada Santista, houve briga na primeira fase do Brasileirão e, por isso, os palmeirenses, a maioria moradora no bairro do Grajaú, na zona sul de São Paulo, foram à desforra. Quatro deles foram presos e outros estavam sendo procurados pela polícia.

A pista da Anchieta, no km 18, ficou interditada das 12h30 às 14h00. Ali houve cenas de horror e brutalidade sem limite.

Invenção do jogo

O jogo (ou jogos) é uma invenção humana exatamente para afastar o tédio da existência que apresenta um destino inescapável [a morte], por meio do divertimento (e distração) que nos afasta, pelo menos enquanto estamos em atividade, dos maus pensamentos.

Incluem-se neste contexto as famosas olimpíadas, invenção dos gregos, o futebol e toda uma variedade de modalidades esportivas que, antropologicamente, seriam também uma forma de evitar conflitos entre os povos. Portanto os jogos têm uma relevante importância na estabilidade das relações humanas. Esses conflitos e mortes tão frequentes entre torcidas de times de futebol são fatos situados na contramão da história da civilização. Seus agentes são portadores não apenas de extrema ignobilidade, mas de uma agressividade primária e bestial, típica de hordas e indivíduos que veem o outro como inimigo a ser destruído. Fazem da violência um modo de vida e um jeito de se distrair de suas vidas vazias e estúpidas. (C.R.)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.