EDUARDO PREGA “PACIÊNCIA, ESPERANÇA E FÉ”, EM SEU DISCURSO DE POSSE

‘Faremos tudo que é possível e até o impossível pelo bem do nosso povo’, afirmou o professor Eduardo Anselmo Domingues Neto num pronunciamento claro, corajoso e realista proferido na manhã desta terça-feira, em solenidade realizada na Câmara Municipal de Ibiúna. Eis a fala do novo prefeito na íntegra:

“Executar nosso programa de governo dependerá da observância de um grande número de regras e procedimentos que emanam da Constituição e das leis que estabelecem as limitações para que não haja abusos, personalismo e danos ao erário público. Quando isso acontece, as consequências sobrevêm ao povo como um todo, sobretudo a parcela mais pobre, na precariedade da saúde, na falta de uma educação de qualidade, na falta de infraestrutura viária, de saneamento, de políticas públicas de desenvolvimento econômico com geração de empregos, sem falar em outras demandas como meio ambiente, segurança, por exemplo.

Como afirmado na campanha, nossa meta é a descentralização da administração. Trabalharemos fortemente pela reimplantação das administrações regionais para a melhoria das condições das estradas da área rural. Ampliaremos unidades básicas de saúde e implantaremos o PSF – Programa Saúde da Família, a saúde precisa chegar mais perto do cidadão, da cidadã. Assim, como a saúde, os demais serviços públicos devem ser mais acessíveis à população. Grande será nosso empenho para que isso aconteça.

Lutaremos pelo bem comum, pela correta aplicação do dinheiro público, pelo que é justo. Daremos amplo espaço para a participação popular, trabalharemos pela implantação do orçamento participativo, queremos conselhos municipais legítimos e participativos, criaremos o “Espaço ou Casa dos Conselhos” para que estes se reúnam com a uma estrutura básica. Acreditamos que conselhos fortes e participativos fortalecem a administração pública, pois auxiliam nas propostas e fiscalizam a aplicação dos recursos. Assim, não queremos conselhos “da prefeitura”, queremos o povo nos mesmos, para que verdadeiramente sejam representativos e independentes.

A transparência pública será a nossa marca, disponibilizaremos todos os documentos, pois são públicos. Não tememos a fiscalização, porque temos intenções retas. Esperamos uma imprensa independente, livre, responsável, que fiscalize e que cobre. Como homens públicos nem sempre agradamos a todos e, por isso, não podemos temer as críticas. Para abafá-las, não financiaremos nenhum jornal, temos a Imprensa Oficial para a publicação dos atos da administração. Qualquer outra publicação será feita de maneira igualitária respeitando a lei de licitações, mas ressalto, não financiaremos um jornal em particular para manipulação de informações ou de notícias.

Aos nobres vereadores e vereadoras espera-se uma atuação responsável na fiscalização da aplicação dos recursos públicos, como legítimos representantes do povo. Queremos estabelecer um grande diálogo com esta Casa, sempre buscando o bem comum. Deem-nos sugestões realizáveis, melhorem os projetos de leis. A ampla publicidade dos atos administrativos com certeza facilitará o trabalho dos nobres edis. Junto aos deputados de vossa relação política, ajudem-nos na busca de recursos para as obras que beneficiarão o nosso povo.

Neste início estamos diante de uma situação financeira que beira a insustentabilidade. Precisamos corrigir  rumos e diversos desvios, cortar gastos excessivos. É preciso rever contratos, limitar gastos com pessoal, ocupar cargos comissionados com pessoal efetivo, reduzir gastos de consumo. A cronologia de pagamentos, por obrigação legal, deverá ser respeitada. Para isso, peço a compreensão de todos, inclusive dos vereadores e vereadoras que certamente serão procurados por credores para interceder junto à administração. Como o exercício de 2012 fechou com déficit, somos obrigados por força de lei a fechar 2013 com superávit de pelo menos 0,5% do orçamento. Será uma grande luta, mas com o apoio de todos, iremos conseguir. Faremos isso com tranquilidade, buscando o que é justo.

Pela obrigação de controlar os gastos com pessoal, não vamos estar recebendo currículos. Eventuais necessidades de recomposição de mão de obra, serão feitas por processo seletivo ou  por chamamento de concursos já realizados e ainda vigentes. Peço que se respeite isso e não se insista para que seja feito de outra maneira.

Peço paciência, esperança e fé. Sei que muitos não acreditam que eu seja capaz. Afirmam que vão mandar em mim, que não tenho pulso firme, que choro, que não tenho experiência, muito blá-blá-blá. Mas ninguém, pode afirmar que sou desonesto, preguiçoso, omisso. Acredito que o trabalho com seriedade é transformador, e as bocas que hoje falam (com todo o direito que lhes cabe) se calarão. Dentro dos limites que nos são impostos, realizaremos tudo quanto possível e por que não dizer o impossível pelo bem do nosso povo.

Servidores municipais e prestadores de serviço, não sou patrão de vocês, não sou patrão de ninguém. O nosso patrão é o povo que, muitas vezes com dificuldades, paga seus impostos e ao qual devemos prestar contas dos nossos atos. Sou apenas um gerente com imensa vontade e empenho de acertar pelo bem do nosso povo. Diante disso, servidores municipais e prestadores de serviço, por amor ao nosso povo, procurem ter o mesmo empenho, cumpram suas  obrigações, economizem nos gastos, não utilizem bens públicos para benefício próprio, respeitem os horários de trabalho, não façam corpo mole. Nenhum de nós é dono de nada. Todos podemos ser imputados por falhas que, deliberadamente ou não, tenhamos cometidos ou venhamos a cometer.

Passemos uma régua no que ficou para trás, aprendamos com o calendário, é um tempo novo. Nas dificuldades, busquemos oportunidades. Nos problemas, soluções. Acreditemos que as  pessoas podem dar mais de si mesmas. Acreditemos que juntos podemos mais e com Deus faremos grandes coisas.

Para finalizar, agradeço a todos, em especial os co-administradores e representantes do povo, os vereadores e vereadoras. Às demais autoridades pelo respeito demonstrado com a vossa presença. À minha família, por todo o apoio, desculpando-me pelas eventuais ausências. Aos amigos verdadeiros que nunca faltaram em momentos difíceis. A todos os presentes que vieram prestigiar esta cerimônia. A todos que nos acompanham pela TV Câmara on-line. E acima de tudo, agradeço a Deus, Senhor de tudo e de todos e sem  o qual este momento nem haveria. Feliz Ano Novo com esperança renovada. Obrigado.”

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.