POUCOS PARTICIPAM DO ATO “CONTRA O DESMANDO DO PODER PÚBLICO EM IBIÚNA”

O movimento convocado pelas redes sociais para uma manifestação popular “contra o desmando do Poder Público em Ibiúna” não vingou como imaginavam seus articuladores. Marcada para ter início hoje (13) às 10 horas na praça da Matriz, até meio-dia, como observou o repórter de vitrine online, pouco mais de dez pessoas haviam aderido: faziam ruídos com cornetas, apitos e ostentavam cartazes com mensagens demonstrando as razões da iniciativa.http://revistavitrineibiuna.com.br/wp-includes/js/tinymce/plugins/wordpress/img/trans.gif À tarde os manifestantes se postaram diante do Paço Municipal, onde prosseguiram o protesto.

Nesse período somente compareceu para cobrir o evento vitrine online. A prefeitura escalou um fotógrafo para documentar o movimento e um assessor do governo para avaliar. Policiais da GCM permaneceram a distância.

Uma idosa, moradora no bairro do Lajeadinho, fez questão de deixar claro que o movimento não tinha natureza política. “Só queremos ter respeitados nossos direitos de estradas em boas condições, iluminação pública, segurança, limpeza pública, saúde. O povo tem que se unir para exigir pelo que pagam. Nós pagamos IPTU bem caro, mas não temos de volta os serviços públicos que deveriam ser prestados satisfatoriamente.”

Um empresário afirmou: “O povo tem que acordar, mas o povo tem medo. Eles [do Poder Público] põem medo no povo. Se você fala publicamente sofre represália. Fui assaltado duas vezes a mão armada e sofri um furto e os bandidos continuam impunes. Você olha a rua e vê o esgoto aflorando na via pública, por desatenção da Sabesp.”

Um outro, que não participou do movimento, comentou à vitrine online: “Você vê as coisas erradas e fica quieto. Todos aqui são conhecidos. Se você participa e tem um parente que trabalha na prefeitura eles demitem.”

“Querem desequilibrar”

Alexsander Souza, assessor do chefe do Executivo, fez uma rápida avaliação e concluiu que  os poucos participantes “querem desequilibrar” o governo municipal. Contou que existiam na praça 5 funcionários da Ecovida [“viemos apoiar o pessoal”, disseram a vitrine online], 3 “mendigos” [que segundo disse teriam recebido dinheiro para ostentar cartazes]. Na sua soma, havia 5 pessoas participando de fato.  O empresário Donizeti Sandroni repeliu a posição do assessor, que havia sido chamado a conversar com os manifestantes, mas precisou se retirar do local, e gravou entrevista com os supostos mendigos que negaram ter recebido qualquer quantia. Souza deixou a praça descontraído demonstrando que levaria uma notícia auspiciosa para seu chefe.

“Medo de represália” 

Nesse episódio prevaleceu uma cultura histórica no município de Ibiúna: a população não participa de movimentos públicos, sobretudo se tiver um caráter político. O principal motivo declarado é o “medo de represália”. Entendem que alguns governantes são capazes de cometer até mesmo atos vingativos, perseguições e causar prejuízos econômicos, por exemplo, excluindo fornecedores que consideram adversários.

De qualquer forma, ainda que diminutos, os manifestantes deixaram sua mensagem e seu ruidaço no ar, o que pode encontrar identificação com os sentimentos silenciosos de considerável faixa da população. Eles fizeram algo que não é habitual, mas pode ser que assim, aos poucos, a população vá despertando para exigir mudanças e correção, quando há desvio ou falha de conduta nas ações [ou inações] públicas. (C.R.)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.