O POVO PRECISA SAIR DA CASCA DO OVO

Havia, no meu tempo de criança, uma brincadeira que consistia em aplicar um inocente trote. E, assim que a vitima descobria que havia sido enganada, o autor da pequena maldade, rindo, exclamava: “Enganei o bobo na casaca do ovo”.
Tenho a impressão, atualmente, que a Dilma, orientada pelo seu marqueteiro, aplicou um trote nada inocente no povo brasileiro. Ao vencer a eleição, ela deve ter pensado com  seus botões: “Enganei o povo na casca do ovo”.

Só que, esse trote dado pela Dilma, tem outro nome: chama-se estelionato eleitoral. A acentuada queda de popularidade
da presidente neste  primeiro trimestre deve-se, principalmente, ao fato do povo ter percebido que foi enganado. O povo, talvez, não seja tão bobo quanto pensam a Dilma e seu fiel marqueteiro João Santana. Eles devem ter esquecido que, no frigir dos ovos, ou na falta dos mesmos para comer, a verdade aparece. Foi o que ocorreu em relação à presidente, cujas promessas feitas ao longo da campanha desmancharam no ar como uma neblina matinal. E, diante disto, o que ela está tentando fazer?

Nada mais e nada menos do que tomar o caminho que, segundo ela, seria tomado por seus adversários.

Segundo o marqueteiro presidencial, o estelionato eleitoral faz parte do jogo político. O que ele não diz, porém, é quem
vai pagar a conta desse jogo maluco, que ficou cara demais. E, precisa dizer? Ela terá que ser paga pelo povo. É por isso, que, agora, só se fala em aumento de impostos.

O pior de tudo, nessa história, é que, ao que parece, o povo não aprende. Segundo o filósofo Luiz Felipe Pondé, “o povo
adere fácil e descaradamente (como aderiu nos séculos 19 e 20) a toda forma de totalitarismo. Se der comida, casa e hospital, o povo faz qualquer coisa que você pedir. Confiar no povo como regulador da democracia é confiar nos bons modos de um leão à mesa. Só mentirosos e ignorantes tem orgasmos políticos com o povo.” (Guia politicamente incorreto da Filosofia. São Paulo, LeYa, 2012 pag.49)

E, no caso do nosso país, há um agravante: não se pode dizer que comida, casa e hospital sejam lá essas coisas. Sem falar
dos problemas na educação, segurança, transporte urbano, etc.

Assim, por ocasião de mais uma Páscoa, o melhor que podemos desejar, na atual situação econômica e política, em que o
país se encontra, é que o povo comece a sair da casca do ovo e vá às manifestações.

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Claudino Piletti é professor-doutor em Pedagogia e autor de vários livros. Gaúcho de Bento Gonçalves, reside em Ibiúna há longa data com a família.

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.