“POSSO SER CAIPIRA, MAS BURRO NÃO SOU”, DIZ VEREADOR SOBRE O CASO DA MERENDA ESCOLAR EM IBIÚNA
Visivelmente irritado com atitudes de um secretário municipal, o vereador Beto Arrais (PPS), declarou em programa da TV Ibiúna, na última semana: “Posso ser caipira, mas burro não sou”. Ele estava tiririca com o contrato emergencial firmado entre a prefeitura e a empresa SP Alimentos para fornecer merenda escolar a 7.950 crianças e adolescentes da rede municipal da educação, em escolas e creches. Constatou, em visita a quatro escolas, junto com a vereadora Rozi Soares Machado (PV), “muita coisa errada” nesse setor e desaprovou tanto a quantidade quanto a qualidade dos alimentos servidos aos alunos.
No programa reiterou, quase sem perceber, supostamente como eufemismo ou metáfora, a palavra “experiencia”, quando se referiu ao fato de o prefeito Fábio Bello (PMDB) ter sido vereador e estar no terceiro mandato como prefeito da cidade, sugerindo no mínimo como “erro” contratar, de forma emergencial, um fornecedor acusado de integrar a “máfia da merenda”, que acabou preso em São Paulo, recentemente.
Um caso similar – a contratação emergencial de uma empresa de transporte de pacientes de hemodiálise, oncologia e outras enfermidades – que foi objeto de investigação parcial de uma comissão da Câmara Municipal, que acabou sendo extinta, por falta de assinatura da relatora, vereadora Aline Borges de Moraes (DEM), no pedido de prorrogação de prazo para a tomada de novos depoimentos. No caso da empresa da merenda – SP Alimentos – um vereador chegou a propor a criação de CPI para apurar possíveis irregularidades tanto no contrato quanto na prestação do serviço. A base aliada do prefeito acabou impedindo a instalação da CPI, ao não preencher o quórum necessário de assinaturas.
A repercussão do programa com os dois vereadores, pela importância e gravidade do tema, bateu o recorde histórico tanto de audiência quanto da participação direta dos internautas com comentários contundentes. Os parlamentares haviam feito uma fiscalização direta em quatro escolas onde constataram que o serviço está desiquilibrado, inadequado e sem logística. Agora, eles aguardam as respostas formuladas ao prefeito por meio de requerimento para prosseguirem suas ações que poderá desembocar até mesmo no Ministério Público. Esta possibilidade, no entanto, não é esperada por muitas pessoas que se manifestaram em redes sociais no Facebook.
Arrais e Rozi, mesmo sendo aplaudidos pela iniciativa por alguns, foram também alvo de críticas de outros, por fazerem parte da base aliada do prefeito, e, por isso mesmo, não teriam assinado a abertura da CPI, optando por uma iniciativa “mais branda”.
Mas ambos não concordam com esse argumento, pois consideraram não ser necessária uma CPI, pois existe a opção que escolheram e que deverá produzir efeitos concretos sobre o governo municipal. Argumentaram que “ser da base aliada não significa que não se possa agir de modo correto, isento, e cumprir a função de fiscalizar os atos do Executivo, apontando falhas, erros e cobrando soluções adequadas”.
Serão exatamente os resultados práticos da ação dos dois vereadores, tornados públicos de modo claro e objetivo, que lhes farão justiça no tempo apropriado perante a opinião pública. Os munícipes aguardam pela verdade em torno desse assunto de relevo, pois trata-se da nutrição de crianças e adolescentes, fundamental no processo de aprendizagem e na saúde dos alunos. (C.R.)