ELEIÇÕES 2016 – A “MÁ-FAMA” DA POLÍTICA IBIUNENSE AFASTARIA BONS CANDIDATOS DA DISPUTA?
Foi positiva a receptividade ao artigo “Eleições 2016 – Daqui a dez meses você poderá mudar o futuro de Ibiúna” postado no dia 2. Deixando de lado as “curtidas”, que não ensejam comentários, houve internautas que revelaram uma preocupação talvez bastante comum. Segundo escreveram, existem candidatos bons para mudar a situação político-administrativa da cidade, mas eles não entrariam na disputa devido à “má-fama” da política ibiunense, que poderia contagiá-los.
Alguém comentou que se esse pensamento for efetivamente generalizado, então só haveria candidatos “ruins” que entrariam na briga pelo poder e as possibilidades de haver mudança para melhor ficariam, assim, comprometidas, o que, se espera, não vá acontecer realmente porque bons candidatos devem ser também pessoas inteligentes e ousadas.
Esse conceito precisa ser repelido de modo veemente por que a Ibiúna que temos [política e administrativa] não é a Ibiúna que queremos. É preciso que haja melhoria em tudo, especialmente na postura ética, no plano da transparência efetiva e no aprimoramento da prestação de serviços públicos.
Há de fato um risco de a história se repetir, com o enxovalhamento das campanhas, compra de votos, obtenção de vantagens diante de pessoas incautas, porque, do ponto de vista sociológico, se estabelecem padrões automáticos de comportamento, também conhecido por hábitos arraigados. E é exatamente aqui que se encontra o maior adversário à ideia de mudança: a possibilidade de a população continuar condicionada – e isso pode ser real – ao hábito de se deixar “enganar” pelas firulas de candidatos sem escrúpulos e aceitar a oferta de moedas de troca por votos, que perdem, assim, sua consagração como instrumento de liberdade democrática.
Mas quem pode garantir que esse será o destino das eleições de 2016 e não outro? Da mesma forma, podem surgir o que os internautas chamaram de bons candidatos que poderão se dispor a arregaçar as mangas da camisa exatamente para agir como atores políticos conscientes do chamamento que se faz necessário em Ibiúna.
Em dois momentos, em tempos recentes, houve o desejo manifesto por mudança. O primeiro deles com a eleição do coronel Darcy Pereira e, na sequência, a do professor Eduardo Anselmo. Ambos contavam, como aliados comuns em suas imagens públicas, duas qualidades proeminentes: simplicidade e honestidade.
Definitivamente, esses dois adjetivos só garantem sobrevivência política, na dura realidade do jogo do poder, se estiverem fortemente ancorados em personalidades fortes no comando, na astúcia e na habilidade de formar um time de subordinados disciplinado e leal. E isso, desafortunadamente, não aconteceu em nenhum desses casos.
Mas – e isso é o mais relevante – o povo ibiunense, por duas vezes, demonstrou desejo de mudança concretamente, embora tenha vivido uma grande desilusão, que, todavia, vem servindo de lição de casa tanto para os políticos, sobretudo aos que se apresentarão pela primeira vez, quanto para os eleitores.
Será bem-vindo, portanto, nos debates públicos que houver entre os postulantes, que surjam questionamentos independentes de conchavos e montagens partidárias e que se promova, de modo amplo e profundo, a revelação de suas personalidades. Que possa ganhar clareza a capacidade de cada um de lidar com desafios explícitos.
Se alguém perguntar, por exemplo, a um candidato a prefeito [ou candidata] “o que entende por bioética?”, vá lá, mas se não souber responder como fará para proteger o meio ambiente no município, é melhor deixa-lo de lado. Claro, outros temas da maior importância como saúde, educação, emprego, segurança, estradas, transportes, habitação serão temas dos debates e com a mesma finalidade.
É certo que poderão mentir e apresentar argumentos de efeito teatral, mas não poderão evitar a livre interpretação do povo e se serão convincentes o suficiente para merecer os votos da maioria. Riscos de engodo continuarão a existir e já fomos advertidos disso pelos nossos ancestrais. Mas, vale manter acesa a chama da esperança positiva de que é possível mudar e que haverá mudança a ser feita de acordo com a vontade popular.
____________
Carlos Rossini, jornalista e sociólogo, e editor de vitrine online e colaborador da TV Ibiúna