FALTAM 52 DIAS PARA SABER QUEM MANDARÁ NO BRASIL; AS VÍTIMAS JÁ SÃO CONHECIDAS

Os brasileiros com um mínimo de senso crítico devem estar atônitos com os fatos relacionados com as eleições presidenciais que acontecerão daqui a exatos 52 dias.

Um país desmoralizado com as roubalheiras de políticos e empresários, com um sistema de saúde que fere a dignidade humana de forma generalizada [a espera para a realização de uma ressonância magnética pelo SUS pode demorar três anos, uma cirurgia dos olhos pode nunca acontecer], o estado de miserabilidade em que vive a maioria dos brasileiros, a violência incontrolável [os feminicídios aumentam a cada dia em todo o País], a bandidagem que corre solta e ironiza o poder do estado, a quebra do princípio da autoridade, a desmoralização da instituições, sobretudo, o Poder Judiciário, enfim…a lista é longa.

Exatamente num contexto de perplexidade e desacertos, a lista dos candidatos e suas exposições públicas exprimem uma vergonhosa armadilha de ilusões e de promessas que soam a mesmice da tradicional e obsoleta forma de fazer política no Brasil.

Nada, mas nada mesmo, indica que, seja lá quem venha a ser eleito para ocupar o cargo máximo do Poder Executivo federal, poderemos nutrir a esperança de que algo vai efetivamente melhorar, ainda que desejássemos que isso pudesse ocorrer. O país se assemelha a uma quimera, um pesadelo, uma estrada perigosa. Uma embarcação de insensatos.

Muitas das promessas que estão sendo feitas sobretudo nos debates e entrevistas com os postulantes à Presidência da República não passam de cacoetes temporários para seduzir pessoas incautas ou despreparadas para avaliar suas autenticidades.

Tudo indica que a tradição, mais uma vez, se fará valer. Ela representa o poder que não quer ceder seu lugar e as delícias que oferece aos seus agentes. Sorrisos mecânicos e enganadores como sempre.

Nenhum candidato possui uma estrutura solidamente constituída em termos inovadores para organizar o papel do Estado, como é essencial e imprescindível. A formação de grupos se realiza da forma habitual. Alguns fazem promessas ridículas, inacreditavelmente desavergonhadas, para enganar nós, os otários.

Entrar em pormenores e fazer citações específicas deste ou aquele candidato é mexer com a caixa de marimbondos. Notam-se comportamentos massivos que estão santificando pecadores de mancheias. Seus integrantes se tornaram visivelmente fundamentalistas, ou seja, criaram um fetiche com base no vento.

Gostaria que fosse muito diferente do que se vê e o que se espera, mas se pudesse fazer uma profecia [não é o caso] apostaria em dizer que deverá aumentar o número de brasileiros que desejarão deixar o país em busca de lugares mais civilizados e menos corruptos. Nem precisa ser uma Dinamarca ou uma Suécia. Mas, aqueles que não puderem ter essa oportunidade vão continuar vendo os carnavais passarem da mesma forma que eles se apresentam: fantasias caras, mas que se desfazem logo em seguida, se não se estragarem mesmo durante o desfile, por causa de um temporal. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *