E SE PINTÁSSEMOS IBIÚNA COM UMA COR VIBRANTE?

Tive a sorte de ter um professor de Filosofia que me proporcionou noções de psicanálise e dos significados dos sonhos. Despertou-me a curiosidade de avançar nos estudos desse assunto. Hoje tenho facilidade de recordar meus sonhos, assim como interpretá-los, sem ter a certeza sobre a veracidade do resultado de minha análise.

Mas é divertido acordar com o sonho vivo na cabeça e procurar entender seus personagens, objetos, movimentos, ou seja os significados das cenas que ocorrem no meu inconsciente. Acredito que muitos deles procuram sinalizar situações vividas tanto no passado quanto no presente e também relacionadas ao futuro.

Então, me permitam contar o sonho que tive esta madrugada cujo cenário é a cidade de Ibiúna e o povo que aqui vive. Diria que minha atenção está relacionada com incontáveis cenas desagradáveis que presencio ou tomo conhecimento, incluindo algumas incrivelmente absurdas e patéticas.

Parte I – Estou em conversa amistosa com diversos políticos da cidade em uma sala. Alguns aparecem com maior nitidez, outros como se fossem espectros ou esboços para uma futura configuração. Percebo que todos eles, de alguma forma, se parecem em seus comportamentos, numa visão retrospectiva. Sinto-me confortável porque minha observação é despojada de juízos de valor, o que faz com que eu possa melhorar minha percepção do que está por trás de suas máscaras sociais. Ao não julgá-los, posso compreendê-los e, no futuro, lidar melhor com eles. A certa altura, a conversa acaba sem nenhum pormenor de destaque. Apenas registro que um deles parece ter apresentado um aspecto diferente do modo como age nos bastidores, mas refletindo melhor, percebi que os demais também representavam o mesmo duplo papel.

Parte II – Por razões insondáveis e típicas dos sonhos que transgridem as regras dos nossos comportamentos quando estamos acordados, as imagens aparecem do aparentemente nada, pois os sonhos são como os nossos pensamentos que se produzem em nossas mentes, quer queiramos ou não, uma imagem se torna predominante. O céu noturno, e bastante estrelado, se torna uma tela de pintura. De repente, surge sobre a película uma pincelada horizontal de cor laranja. No ritmo de um vagalume, ela se ilumina e se apaga para aparecer logo adiante e assim sucessivamente. Minha impressão é que a vontade do artista quer preencher o quadro de tons laranja, que tem um significado riquíssimo, que revelarei logo abaixo. Entendo essa particularidade como um sinal importante para toda a população, de que uma mudança é necessária.

[Acordo com essa forte impressão de que precisamos de experimentar outra cor, sem desprezar aquelas com as quais estamos acostumados, mas até mesmo para contrastá-las.]

Parte III –Já desperto, peço ao meu analista interior de sonhos para desvendar alguma coisa sobre essa apresentação espontânea de uma cor tão significativa no sonho. Veja aonde um sonho pode nos levar, se o respeitarmos como uma verdade do fundo de nossa alma. No Budismo, a cor laranja significa transformação, coragem e espírito de sacrifício. Os monges budistas usam essa tonalidade em suas vestes. Laranja também significa alegria, vitalidade, prosperidade e sucesso. Trata-se de uma cor quente, resultado da mistura das cores primárias vermelho e amarelo. Está associada à criatividade, pois seu uso desperta a mente e auxilia no processo de assimilação de novas ideias.

Conclusão: O sonho apontou a necessidade de uma mudança e sugeriu que devamos enxergar a realidade de uma forma diferente, delicadamente apontando uma tonalidade vibrante, a fim de despertar as consciências  para a criação de um novo modo de ser. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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