FACEBOOK PERMITE BANALIZAÇÃO DO ADULTÉRIO, MAS REMOVE ANÁLISE POLÍTICA RESPONSÁVEL

Nestes dias, nunca se viu no Facebook tantas postagens, a maioria absoluta notícias falsas (fake news), sobre adultério, sobretudo envolvendo mulheres flagradas por seus maridos com os seus amantes.

Sabemos que adultério é um ato de infidelidade por relação carnal com outros parceiros que não o companheiro habitual, seja no caso do homem e da mulher, e faz parte da história da humanidade, portanto qualquer crítica de natureza moral passará longe da realidade factual.

A questão está aqui colocada para apontar para a sociedade os chamados “padrões da comunidade” estabelecidos em todo o mundo pelo Facebook que, logicamente, precisa mesmo de estabelecer critérios considerando a multidão de insanos que fazem parte da humanidade.

Essa rede social mundial é uma obra da genialidade humana, pois ela permite, em tempo real, que as pessoas conversem entre si e compartilhem mensagens, links, vídeos e fotografias.

Pois bem. O Facebook removeu uma notícia, na verdade uma análise política do significado das convenções partidárias no município de Ibiúna. É provável que alguma palavra no título CONVENÇÃO PARTIDÁRIA LANÇA EVENTO APOTEÓTICO tenha chamado a atenção do sistema de censura da corporação.

É improvável, no entanto, que algum funcionário ou o IA da empresa tenha lido o conteúdo do texto, pois poderia concluir facilmente tratar-se de um texto profissional, responsável, coerente com o objetivo de permitir aos leitores uma reflexão sobre a realidade.

Essa é uma das missões do jornalismo crítico: prestar informações em benefício de toda a sociedade, chamar a atenção para fatos relevantes que se encontram ocultos ou foram ocultados de propósito como forma de persuasão até mesmo subliminar.

Por exemplo, o que significa realizar um megaevento político em seguida divulgado à exaustão? Tem certamente um objetivo por trás que é convencer a população não presente ao evento a aderir a um suposto movimento eleitoral vitorioso, pela tendência humana de se conformar com movimentos de maiorias.

A questão envolvida neste raciocínio diz respeito à liberdade de expressão, pois a revista vitrine online é uma revista de notícias, análises e prestação de serviço à sociedade de forma clara, objetiva e responsável.

O próprio Facebook, automaticamente, esclareceu, quando recebeu pedido de análise, que responderia em quatro dias sobre a medida unilateral tomada. É provável que nem volte a tocar no assunto e, assim, perdeu-se um esforço para contribuir para os leitores tivessem a possibilidade de avaliar o assunto sobre outros pontos de vista.

Lamentável, o Facebook utilizar pesos e medidas diferentes. De um lado permite uma enxurrada de vídeos que banalizam o adultério e, de outro, interfere imperativamente removendo o conteúdo de um comentário jornalístico.

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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