CONHECIMENTO DE ÉTICA E MORAL É PODEROSO ANTÍDOTO CONTRA POLÍTICOS E EMPRESÁRIOS CORRUPTOS

“Eu não sei o que esse povo tem na cabeça” – reclama uma mulher nascida e residente em Ibiúna – “os políticos pintam e bordam, mentem, fazem coisas em proveito próprio, abandonam a cidade, e o povo vota neles de novo.” Ela não é uma voz solitária. Vitrine online ouve frases similares com notória frequência de munícipes descontentes e cansados com os velhos problemas que se arrastam, não são resolvidos ou recebem uma camada de cosmético para distrair os desatentos.

Como esse aparente ciclo vicioso pode ser rompido, a partir da tomada de consciência da população? A resposta é difícil, porque os povos de todos os tempos de alguma forma sempre foram enganados e manipulados, se não por falsas palavras sedutoras, pela dominação direta do poder, muitas vezes mortal, de soberanos impiedosos. Em suma, pelo uso da corrupção e da violência.

Manter os povos ignorantes talvez seja o mais cruel dos crimes cometidos pelos poderosos de todos os tempos. Isso continua acontecendo aqui, agora, no Brasil e nas centenas de municípios espalhados pelo território nacional e é mantido por uma educação ideologicamente concebida para manter o status quo [a condição reinante]. E se o povo tiver acesso ao conhecimento de ética e de moral e despertar?

Então, embora não tenhamos a pretensão de situar a solução de um problema complexo [a contínua manipulação das pessoas e as respostas automáticas delas], entendemos que o conhecimento de ética e de moral pode contribuir como antídoto contra políticos e empresários corruptos.

O filósofo grego Aristóteles dizia que os políticos são responsáveis pelo bem ético geral da comunidade, como também pelas preocupações específicas dos seus eleitores. É isso que vemos na prática de nossa realidade? A resposta é: não. Os políticos [há exceções] se lixam com esse tema de natureza da filosofia política. O negócio deles é outro e bem sabemos do que se trata: dinheiro e poder. O caso nacional [Operação Lava Jato] mais recente evoca os US$ 6,2 bilhões pungados da Petrobrás, envolvendo políticos e empresas da construção. Talvez esse valor seja ainda maior. Quem pode dizer o valor correto, num país que manipula balanços e dá pedaladas fiscais?

Então o leitor nos pergunta, com razão: o que é ética, o que é moral?

Ética é a teoria, ou sistema, que descreve o que é o bem, é assim, por dedução lógica, o que é o mal. A mitologia e a teologia são as fontes mais antigas da ética. Ambas diziam o que devia ser feito. A moral refere-se às normas que nos dizem o que fazer e não fazer. É da natureza da moral nos dizer o que é certo e errado.

Tentando simplificar: a ética se refere à teoria que estabelece as regras morais e estas orientam as ações práticas. Se uma pessoa sabe o que é bom e o que é mau, será capaz de entender o que é certo e o que é errado.

Então se um político não age de acordo com a ética [vista como um inspirado conjunto de orientações e não invenção pessoal] e transgride a moralidade – por que ele merece ser eleito ou reeleito, se fez trapaças e agiu de modo arbitrário [imoral] sem se basear nas regras socialmente preestabelecidas.

Sabendo disso, leitor, não fica mais fácil tomar uma decisão de escolher aquele que vai ocupar cargos executivos e legislativos? Está passada a hora em que precisamos mudar, para mudar o mundo que nos cerca. Ao entregar seu voto por dinheiro ou algum bem material, o leitor está igualmente aético e imoral.

Os antigos povos do Havaí contavam com a orientação dos xamãs, conhecidos como kahunas [pronuncia-se carrunas], e a lição ética e moral que pregavam era simples: não pense e não faça mal a quem quer que seja. Essa filosofia existe há 5.000 anos.

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Carlos Rossini, jornalista e

sociólogo, é editor de vitrine online

 

 

 

 

 

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.