DILMA OPTA POR REDES SOCIAIS PARA SEU DISCURSO OFICIAL DE 1º DE MAIO

Pela primeira vez, e fora da tradição,  a presidente Dilma Rousseff não fará pronunciamento oficial do dia 1º de maio, Dia do Trabalho,  por rede nacional de TV e de rádio, segundo anunciou hoje (27) o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva. Em vez de utilizar aquelas mídias, Dilma irá falar ao povo brasileiro por meio das redes sociais.

Essa mudança, segundo analistas políticos, é uma forma de evitar possíveis manifestações de protestos, como panelaços, por exemplo. O ministro disse à imprensa, em Brasília, que a decisão de utilizar as redes sociais foi tomada por um consenso entre auxiliares diretos de Dilma, entre os quais ele se inclui pela primazia da função que exerce.

O que Edinho não disse é que essa estratégia está diretamente ligada a um fato negativo: ainda se sentindo acuada, Dilma não quer correr risco de se expor pela cadeia de TV que atinge dezenas de milhões de brasileiros simultaneamente, incluindo aqueles que [não são poucos] ainda estão excluídos das redes sociais, seja por falta de sinais ou de aparelhos que possam captar som e imagem com definição satisfatória. Aqueles que dependem de um celular, por exemplo, estão sujeitos a péssimo sinais de algumas operadoras.

Além disso, o impacto imediato das redes sociais é incomparável ao da mídia aberta, dificultando, como se observou, que as próprias emissoras de televisão cubram as manifestações em diversas cidades, como já aconteceu em fato similar, com a exibição de pessoas batendo panelas, piscando as luzes de residências, mostrando faixas e outras formas visíveis e audíveis de protesto.

Se, como disse o novo ministro da comunicação social, houve um consenso por parte do seus ministros e outros auxiliares diretos da presidente, é sinal que eles próprios refletem uma preocupação coletiva num tempo em que todo o Governo Federal encontra-se com prestigio em baixa.  E não é para menos, pelas próprias atitudes impopulares adotadas pelas autoridades e por escândalos vergonhosos que provocam vultosíssimos rombos nas empresas públicas, como é o presente caso da Operação Lava-Jato, que levou para o ralo nada menos do que UR$ 6,2 bilhões, que poderiam, muito bem, ser um recurso utilizado para mitigar os graves problemas que flagelam a população brasileira, como o setor da saúde, que é uma vergonha nacional.

 

 

 

 

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.