TODO DIA, COM UMA FILMADORA NA MÃO, DANILO BROLL BUSCA CAPTAR A CONSCIÊNCIA DO POVO IBIUNENSE

Danilo Roberto Godinho, 40, casado, dois filhos, é um ibiunense incomum pelo que pensa, sente, faz e, especialmente, pelos objetivos que acalenta como ser humano consciente de suas responsabilidades com a natureza e seus semelhantes.

Natural de Piedade, veio morar em Ibiúna com apenas um ano. Mais tarde, residiu em Sorocaba e Campinas, mas retornou e é aqui que definiu com clareza a razão de ser de seus relacionamentos.

Quando o vi hoje pela manhã, com seus cabelos longos, lhe disse: “Danilo, você está parecido com Jesus.” Ele comentou: “Uma mulher me disse a mesma coisa.” Ele estava “armado” com sua indefectível filmadora que o transforma em Danilo Broll, o criador do “Planeta Azul”, uma espécie de consciência ambulante da cidade, que sai para ouvir as pessoas de modo descontraído, imprevisível e espontâneo.

É o mesmo Danilo Broll que pretende restaurar todas as florestas de Ibiúna, já muito feridas com as explorações imobiliárias e outros interesses típicos do capitalismo voraz. [Lembro a ele que ninguém mais falou da grande devastação de 170 mil m2 em uma área que margeia a rodovia Bunjiro Nakao em novembro de 2013, praticamente na calada da noite.]

“A população não tem consciência do que está sendo feito em Ibiúna. A natureza está largada pela própria população que não enxerga o processo de destruição do lugar onde vivemos. Ibiúna já vive o caos de cidade grande, está desorganizada e maltratada”, adverte com a sensibilidade de quem enxerga o futuro.

Danilo Broll crê haver a necessidade de “um choque de consciência na população, de modo que, assim, desperte do sono e decida o quer no futuro”. Se essa ideia tiver alguma coisa com um viver solidário, como expressão de amor e respeito pelo próximo, ele é exemplar. Vocalista de banda de rock, atuou por dezoito anos com promoção de eventos, 120 no total, por meio dos quais arrecadou 60 toneladas de alimentos que foram entregues a pessoas carentes.

Há um quê de filosofia e também de uma inocência saudável na perspectiva de Danilo Broll, quando indaga “o que é a vida?” e evoca o exemplo dos índios que têm a sabedoria de viver sem a obsessão de adquirir freneticamente objetos de desejo, uma ilusão de poder transitório. Eles simplesmente vivem em harmonia com a natureza. Aprender a amar as pessoas é essencial, em sua visão.

Esperança

Danilo Broll nutre esperança – contando com a forte influência dos meios de comunicação e das redes que ajudam a disseminar as informações e considerando que as dificuldades da vida deverão falar mais alto – de que a população agirá com sabedoria nas próximas eleições. “O que está acontecendo na cidade está fazendo a população acordar e acho que algo bom vai acontecer”, afirma e conclui fazendo uma exortação:

“Ibiúna chegou a hora de se educar, porque povo educado sempre enxerga melhor e sempre terá um caminho longo a percorrer!”

 

 

 

 

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.