IBIÚNA – VEREADOR DENUNCIARÁ CONTRATO DE R$ 700 MIL NA TERCEIRIZAÇÃO DE MÃO-DE-OBRA PARA 10 ÔNIBUS ESCOLARES

Dez motoristas e dez monitores dos dez ônibus [os amarelinhos] doados pelo Governo Federal à prefeitura de Ibiúna para transporte escolar se mostravam na manhã de hoje (15) em pé de guerra com a administração municipal por estarem sofrendo diversos problemas. Um deles é o fato não terem recebido o pagamento vencido no dia 5. “Se não recebermos hoje, como nos garantiu o Lobinho [secretário de governo, Rafael de Cassia Cerqueira], na segunda-feira (18) não iremos trabalhar.”

Vitrine online entrou em contato telefônico com o secretário às 16h39 e ele garantiu que todos os pagamentos haviam sido feitos pelo proprietário da Trans Nill, empresa localizada em Guarulhos, e que assumiu no dia 1º de abril os serviços de mão-de-obra [vinte profissionais]. A contratação foi oficializada com publicação feita no Diário Oficial do Estado de São Paulo.

CARLINHOSNa sessão da Câmara Municipal da próxima terça-feira (19), o vereador Carlinhos Marques (foto) deverá ocupar a tribuna para denunciar o contrato, uma vez que recebeu diversas queixas desses profissionais, que se sentem revoltados pela forma como estão sendo tratados pela prefeitura.

“A Prefeitura contratou uma empresa para realizar o serviço de mão-de-obra dos motoristas dos micro-ônibus, sendo que os veículos são de propriedade da Prefeitura (conquistados junto ao Governo Federal, com participação minha e do ex-prefeito Professor Eduardo)”, afirmou o parlamentar petista. Enfatizou que “o combustível e manutenção também são a cargo da Prefeitura.”

Marques advertiu “que terceirização de mão-de-obra é questionável pelo Tribunal de Contas. Terceirizar serviços pode; mão-de-obra, não”.

Aumento das despesas

O vereador compara duas situações:

“O valor pago aos funcionários contratados pela prefeitura [antes da contratação da Trans Nill], com encargos, chegava a R$ 40 mil mês. A Prefeitura fez uma contratação por mais de R$ 700 mil anuais. Se dividirmos pelos dias letivos de aula, ou seja, dez meses, são cerca de R$ 70 mil mensais. Vale destacar que a contratação foi feita apenas na Imprensa Oficial do Estado.” E concluiu:

“Passamos, com esse contrato, a gastar a mais por ano R$ 300 mil, do dinheiro da educação. Isso acontece enquanto os professores reclamam de defasagem salarial e falta de materiais nas escolas. Um verdadeiro absurdo! Nas publicações recentes do Diário Oficial do Estado não estão colocando os valores das contratações.”

Mais por menos

Vitrine online ouviu motoristas e monitores que, além de se sentirem intimidados pelas autoridades da prefeitura, se ressentem de perdas reais. “Antes [do contrato com a empresa Trans Nill] recebíamos R$ 1.500,00 com horas extras; agora nosso salário [embora nenhum de nós ainda foi oficialmente contratado] será de R$ 1.147,00 e não haverá horas extras. Nós trabalhamos doze horas por dia”, disse uma profissional.

“Não é curioso, a prefeitura vai gastar mais e nós vamos receber menos?” – indagou um motorista.

De acordo ainda com esses profissionais [“durante o governo do professor Eduardo Anselmo, nunca houve atraso”], todos foram demitidos antes da chegada da empresa contratada e”agora estamos trabalhando sem registro em carteira, com contrato só de boca”.

‘Sócio’ ibiunense

Um motorista disse a vitrine online que o dono da empresa contratada teria um sócio ibiunense, o proprietário de um salão de beleza, que teria protagonizado um episódio surpreendente. Como um dos motoristas, sentindo-se humilhado com o tratamento que recebeu da prefeitura, desistiu de retornar a sua função, o suposto sócio do empresário de Guarulhos, teria resolvido dirigir o ônibus até a escola localizada no bairro da Cachoeira. E teria provocado uma batida e produzido danos no veículo escolar.

 

 

 

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.