REDES SOCIAIS EM IBIÚNA MOSTRAM TENDÊNCIA DE INTENSIFICAR AÇÃO POLÍTICA

CARTAZAinda que mais de 60% da população de Ibiúna viva na área rural e, portanto, tenha ali a maior parte dos atuais 58 mil eleitores, as redes sociais online no município terão uma influência importante nas eleições de outubro de 2016. Já se verificam formas mais ousadas de críticas diretas e mais elaboradas, sobretudo em relação à postura dos políticos, especialmente os vereadores.

É considerável o número de smartfones e de usuários desses aparelhos até mesmo nos bairros mais afastados, assim como cresce dia a dia o número de internautas que curtem, comentam ou compartilham informações, conhecimentos, interesses e esforços em busca de objetivos comuns.

Atualmente, vitrine online compartilha suas notícias com mais de 30 mil pessoas, cada vez que posta uma notícia, abrangidas por mais de vinte grupos sociais.

A intensificação da formação das redes sociais, nesse sentido, reflete um processo de fortalecimento da sociedade civil, em um contexto de maior participação democrática e mobilização social, por meio do Facebook, Twitter, Instagram, Google+, MySpace, Bado e, em grande expansão, do Whatssap.

No município de Ibiúna começam a se destacar alguns ativistas sociais por meio das redes sociais, que postam gravações de fatos ou situações que se verificam nas estradas, no hospital, em reuniões e encontros públicos, nas sessões da Câmara Municipal, multiplicando a informação que se espalham rapidamente, apesar de ainda requerem melhor qualidade no que tange às mensagens escritas.

Vale notar que têm sido raras as inserções nas redes sociais de gravações tomadas no interior da sede da prefeitura, nas secretarias, nas creches e escolas onde se exige autorização formal para se ter acesso, exigência que inclui até mesmo os vereadores da cidade.

CPI da merenda escolar

O caso emblemático (foto) mais recente do ativismo social online é um cartaz [lembra os avisos de pessoas procuradas] em que aparecem as fotografias de oito vereadores, com explicitação dos respectivos partidos aos quais estão filiados, por não terem assinado a criação da CPI [aprovada no dia 27 de outubro] que irá apurar irregularidades na contratação de uma empresa [cujo proprietário está preso] para fornecer merenda escolar para 7.950 crianças e adolescentes que frequentam as creches e escolas da rede municipal da Educação.

O objetivo da publicação do cartaz é bem claro: sugere que os eleitores não votem nesses vereadores, incluindo o atual presidente da Câmara Municipal, na próxima eleição. Os oito parlamentares citados [de um total de quinze] fazem parte da base aliada do prefeito Fábio Bello.

A intensificação dessa tendência nas redes sociais – e não estamos considerando ilustrações e textos mais agressivos que são postados – poderá ser uma pedra no sapato dos políticos tanto do Executivo quanto do Legislativo, como um processo cujo objetivo e promover mudança de caráter moral a partir da escolha de candidatos éticos e comprometidos com as causas e interesses e necessidades da população.

Observa-se também nesse movimento um avanço em relação a comportamento de passado em Ibiúna no que diz respeito a uma desinibição de atitudes, notável por meio de desabafos recheados de palavras pesadas, demonstrando notória falta de credibilidade no governo e nos parlamentares locais e também de esperança de que possam mudar seu comportamento a serviço da sociedade.

Nota-se, mais em alguns menos em outros, uma certa cautela e de percepção de limites que ainda estão sendo considerados, mas parece inevitável que o processo crítico tende a se aprofundar na medida vai se aproximando a realização das eleições, já inscrita como marco histórico baseado na esperança de que algo novo possa realmente acontecer, como já se tentou duas vezes, mas sem os resultados esperados.

Assim como a mitológica Fênix ressurge no meio das cinzas, quando supostamente deveria ter sido morta, esse espírito ibiunense que acalenta dias melhores está vivo à espera de protagonistas capazer de realizar um sonho acalentado pelos munícipes, mesmo por aqueles que se mantêm silenciosos. (C.R.)

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.