OPINIÃO – PREFEITURA FECHA RUA SEM PRÉVIO AVISO E REVOLTA COMERCIANTES EM IBIÚNA

antonio falci

A falta de visão do processo da comunicação, como forma de obter sim através do entendimento recíproco, de modo inteligente, por meio de diálogos claros, objetivos, com mensagens e tonalidades específicas para cada perfil de público, mais uma vez, na tarde de hoje (7), se mostrou num inesperado encontro entre comerciantes da rua Angelino Falci (rua da rodoviária) e a prefeitura de Ibiúna.

Foi cometido o mesmo equívoco ocorrido por ocasião da expansão da zona azul digital pela cidade, que gerou notória polêmica simplesmente porque os munícipes foram pegos desprevenidos e se viram sujeitos a multas em lugares em que estacionavam seus veículos sem nenhum problema.

Desta vez, mas da mesma forma ex abrupta [e nessa expressão latina está o pomo da discórdia – significa sem preparação, intempestivamente], na última terça-feira (5) a prefeitura bloqueou com obstáculos as duas entradas da Angelino Falci, uma rua de comércio popular, que vai da rodoviária de Ibiúna até a rua Guarani.

Essa medida, sem nenhuma explicação prévia, pelo que se observou na reunião que tiveram na tarde de hoje (7) na antessala do gabinete do prefeito, provocou imediato repúdio dos comerciantes instalados naquela via pública, sob o argumento que o fechamento da rua causou prejuízos imediatos em seus negócios. Eles querem que a rua continue servindo para passagem de carros e seja local de estacionamento, como sempre aconteceu.

Na sala de reunião da prefeitura estavam presentes juntos com uma advogada e três vereadores. Foram recebidos pelo secretário de Indústria e Comércio, Luiz Noberto da Silva, pela arquiteta e urbanista, Priscila Ferrer, secretária de Obras, e pelo secretário de Cultura e Turismo, Rafael de Cassia Cerqueira, uma espécie de factótum de Fábio Bello, que não participou do encontro.

INCOERÊNCIA NOTÓRIA

Nesse caso, se nota também uma questão de incongruência. Nos últimos dias a rua Antonio Falci foi incluída na zona de estacionamento rotativo pago, mas, inesperadamente, deixou de sê-lo para se transformar num calçadão.

Alguns empresários se exaltaram em diversos momentos, sobretudo assinalando que têm compromissos financeiros a cumprir e que o fechamento da rua já está comprometendo suas receitas. “Nossas lojas se esvaziaram”, disseram. “Minha casa lotérica vivia cheia e agora entra uma ou duas pessoas”. O tom da conversa demonstrava que nada poderia seria resolvido a contento, a menos que a rua fosse reaberta, numa posição extrema.

PROJETO PAISAGÍSTICO

Elaborado pela arquiteta e urbanista Priscila Ferrer, funcionária concursada da prefeitura, e atualmente secretária de Obras, o projeto nem sequer chegou a ser apresentado aos comerciantes, quando, na realidade, deveria ser a primeira coisa a ser feita, de modo ilustrado e de fácil compreensão – porque, se bem compreendido, é um bom projeto para revitalizar toda área do em torno da rodoviária, incluindo a própria rodoviária que deverá ser reformada, dentro do mesmo pacote de recursos liberados para a prefeitura pelo Departamento de Assistência às Estâncias Turísticas – Dade.

Naquele local, pelo projeto, deverá ser construído um bulevar (em francês boulevard) que tanto pode ser uma avenida larga, com espaços arborizados e floridos, como existem na cidades europeias, ou um lugar paisagisticamente concebido para embelezar um local e permitir a livre mobilização de pedestres. Portanto, o que hoje pode parecer ao olhos de alguns um problema, a médio ou longo prazo poderá se tornar um lugar atrativo de pessoas, seja para realizar suas compras de modo confortável e sem risco de atropelos ou para tomar um café ou sorvete ou uma refeição, como se estivessem numa confortável praça florida e à sombra de árvores.

Enfim, e de modo educado, a secretária se mostrou disposta até mesmo a refazer o projeto (sob risco de avançar no tempo e perder as verbas do governo estadual) e se prontificou a levar as demandas dos comerciantes ao prefeito para que haja uma linha de convergência e de entendimento mútuo. O secretário de Cultura e Turismo disse que ia tomar providências imediatas junto ao prefeito para que a rua fosse reaberta, até que, de um modo mais sereno, se encontre uma solução aceitável para ambas as partes.

PODE AJUDAR

O estoneano Eugene Raudsepp, psicólogo social, publicou pela Editora da Fundação Getúlio Vargas, um livrinho bem oportuno: Arte de apresentar ideias novas, uma magnífica aula (ou curso) de como dirigir reuniões, participar de conferências e de debates. Em suma, trata-se de um manual para todos que “que necessitam convencer pessoas sobre novas soluções e novos métodos”. (Carlos Rossini)

 

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Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.