SEJA LÁ QUEM VOCÊ FOR, FELIZ DIA DOS NAMORADOS

Na tradicional comemoração do Dia dos Namorados no Brasil, os pares são formados por um homem e uma mulher, ou seja, o casal é heterossexual. Mas, não se podem ignorar os pares homossexuais masculinos ou femininos que, não há muito tempo, mantinham suas relações tão ocultas quanto possível da sociedade.

Agora, ao contrário, essa realidade se tornou um fato social público. A cantora Daniela Mercury, antes casada com um homem, e mãe de três filhos, se declara apaixonada e casada com sua ex-assessora de Imprensa. Assume sua condição e “vai à luta” para firmar esse direito e combater a homofobia, medo ou repulsa aos homossexuais. A Parada Gay, na mais importante via pública de São Paulo, a Avenida Paulista, conta com a presença do prefeito Haddad, que, como político, não vai perder uma oportunidade dessas para obter simpatia de milhares de eleitores.

Há cerca de um ano, o Supremo Tribunal Federal validou legalmente o casamento de casais do mesmo sexo, e os casamentos já se realizam com festa, alegria e comemoração. O Estado, então, reconhece oficialmente esse vínculo entre dois homens ou duas mulheres de compartilharem seu amor, na forma jurídica de comunhão de bens.

Por isso, se não houver equivoco do articulista, o Dia dos Namorados também pode ser denominado Dia do Amor manifestado de formas diferentes de acordo com seus personagens, sem preconceitos ou julgamento do que já foi chamado direito das minorias.

Ainda que o Estado controle, monitore e intervenha nas vidas individuais, do nascimento à morte (certidão de nascimento, carteira de identidade, carteira profissional, certidão de óbito, etc.), o corpo, parte visível de uma personalidade, do ponto de vista filosófico, é o lugar sagrado de uma existência.

A sociedade ainda não absorveu essa forma de união entre pessoas, influenciada pela religião, pela moral ou por acreditar que se trata de uma anormalidade não estabelecida da agenda da Natureza. Como fato social de proporção é uma realidade nova e tudo que é novo no mínimo assusta.

De qualquer forma, o Dia dos Namorados provocará filas nas entradas dos motéis em São Paulo, como acontece habitualmente, secretárias jantarão com seus chefes, epa!, haverá trocas de presentes entre os pares mais românticos, os restaurantes e o comércio farão suas promoções para a data, afinal ganhar dinheiro é um jogo extremamente apaixonante. E a roda do mundo continuará a girar. As únicas coisas certas na vida são as mudanças em relação às quais um indivíduo isolado nada ou pouco pode fazer. Então, tenham todos um lindo e emocionante Dia dos Namorados. (C.R.)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.