ARTIGO – “IBIÚNA ESTÂNCIA TURÍSTICA MAIS LIMPA DO BRASIL”

Em 2005, lecionei a disciplina Comunicação Empresarial aos alunos de Administração de Empresas da Faculdade Montessori, que funcionava nas instalações de uma escola particular em Ibiúna, para a primeira turma de Administração de Empresas.

O título acima, obviamente não corresponde com a realidade, mas deveria fazer parte do trabalho de vários grupos da sala, com o objetivo – proposto pelo professor – de contribuir com a administração pública municipal com sugestões para conscientização da importância da limpeza [das estradas, das ruas, dos rios, das represas] como fator de atração turística.

Tratava-se de um estimulante exercício para quarenta estudantes jovens ibiunenses, dos quais guardo boa lembrança, refletirem sobre sua terra, já que há 19 anos o município é estância turística, título que até hoje não se justifica de fato. A limpeza pública de uma cidade é, sim, um fator de atração turística!

Imaginei que moças e rapazes se sentiriam orgulhosos em dar sua contribuição para promover melhorias que se converteriam em atração de visitantes, afinal estamos próximos de São Paulo, e produziriam divisas para a economia municipal.

Mas recebi com grande surpresa a posição dos alunos. Eles demonstraram uma incrível resistência contra a realização da tarefa pedagogicamente correta.

O eixo da resistência foi expressado na forma de um descrédito em relação às autoridades municipais, como acontece até os tempos atuais. Simplesmente não acreditavam que a contribuição que poderiam oferecer seria bem-vinda pelo prefeito e, muito menos, resultariam em ações concretas.

Fiquei frustrado com a reação da classe, mas acabei sendo vencido pelo cansaço, embora não tenha esquecido do fato em si como sintoma da opinião pública. Não podia acreditar que pudessem firmar uma posição tão radical.

Ibiúna de fato, ao longo dos anos, tem sido extremamente negligente com a coleta do lixo nas estradas municipais. O lixo continua na agenda da vida do município e é visível em todo lugar.

Vitrine online repetidas vezes noticiou com abundantes ilustrações fotográficas montanhas de lixo acumuladas e transbordando das caçambas ou espalhados em vários bairros.

Raros são os dias em que não se veem fotografias postadas no Facebook com o lixo esparramado à beira das estradas, apesar das ações das autoridades, que parecem insuficientes.

Reflito hoje, se meus ex-alunos não estavam certos, por não acreditar no poder público municipal. E o problema parece não ter fim.

RECICLÁVEL

Diariamente, passo na Estrada da Cachoeira e vejo o mesmo cenário: a presença de lixo e buracos, fazeno uma dupla de fatos vergonhosos.

Entendo que não se pode culpar as autoridades responsáveis pela coleta de lixo por esse panorama que envergonharia qualquer estância turística. A população é igualmente responsável por lançar toda espécie de objetos numa falta de educação altamente reprovável.

Somando-se os dois fatores – a ineficiência da coleta com a falta de educação de muitos munícipes – resulta no que vemos e que nos entristece.

Na Estrada da Cachoeira, na última segunda-feira (5), o único ponto em que se podia depositar o lixo reciclagem foi lacrado e um cartaz, que não foi visto hoje (14), dizia “Proibido jogar lixo”. Trata-se de uma pequena construção de madeira localizado em frente à Associação dos Moradores no Bairro da Cachoeira.

Desde então, sem alternativa, o lixo reciclável passou a ser jogado nas caçambas de lixo comum situadas na bifurcação da Estrada Municipal da Cachoeira com a estrada que dá acesso ao Clube de Campo da Cidade.

Consequência: agora os moradores e proprietários de chácaras existentes no bairro da Cachoeira têm que jogar materiais recicláveis junto com o lixo comum, quando poderiam ser transformados e reaproveitados pelas empresas de reciclagem: latas de bebidas, garrafas plásticas, papelão, fios elétricos, canos, ferros, etc.

Vitrine online informou ontem (13) sobre esse fato ao secretário do Meio Ambiente e também o Conselho Gestor e Participativo do Município e da População de Ibiúna – Congempi. Ambos anunciaram que iriam estudar e tomar medidas para encontrar uma solução para esse problema.

O secretário informou ainda que o ponto de coleta de lixo reciclagem no bairro da Cachoeira não pertence à Prefeitura e que teria sido uma iniciativa da associação dos moradores no bairro da Cachoeira. Então, é preciso, como prometeu o secretário criar uma alternativa, a fim de que o material reciclável seja aproveitado ecológica e economicamente. É isso que esperamos! (Carlos Rossini é editor de vitrine online)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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