CORONAVÍRUS – PANDEMIA APONTA A NECESSIDADE DE UMA NOVA ÉTICA MUNDIAL

Um trecho de um vídeo de 7’45” compartilhado na quinta-feira (16), mas gravado em de abril de 2019, durante o 9º Fórum Nacional Oncoguia – Complexidade do Sistema de Saúde Brasileiro, realizado em Brasília, pelo novo ministro da Saúde, Nelson Teich, viralizou e causou perplexidade nas redes sociais.

Em resumo, Teich afirma que, com recursos limitados na Saúde, é preciso fazer escolhas, empregando, como exemplo, a decisão de ter que usar o dinheiro para salvar ou um adolescente que “tem uma vida inteira pela frente” ou um idoso que “pode estar no final da vida”.  Evocou, de alguma forma, a lembrança do filme “A Escolha de Sofia”, aplicada na área da medicina.

À noite, também no dia 16, na última solenidade da qual participou no Ministério da Saúde em sua homenagem, quando foi afixado o quadro com sua fotografia na galeria dos ex-ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta se dirigiu aos idosos de modo reverencial. “Eles merecem todo o nosso respeito, pelo ensinamento e a experiência que nos passam”; afinal, sem eles, ele próprio, assim como todas as demais pessoas, não teriam existido.

São maneiras distintas de enxergar e de se posicionar diante da realidade, com mais ou menos sentimento e compaixão pelo próximo, seja um idoso, um adolescente, uma criança ou adulto.

VOCÊ DECIDE

Na verdade, além de inumeráveis lições disponíveis com o advento do coronavírus, uma casca que permeia as relações entre as autoridades e a sociedade civil se rompeu notoriamente.

Todos estamos sob o jugo do que dizem e decidem o presidente, os parlamentares, o judiciário, os governadores, os prefeitos, a Organização Mundial da Saúde e os especialistas em medicina.

Há nesse contexto uma unanimidade: o comportamento do vírus é um mistério, está fora de controle e deixa atrás de si milhões de infectados e milhares de mortes em todo o mundo.

Tornamo-nos objetos de uma doença extremamente agressiva e invasiva, transmitida por meio de pequeninas gotas que lançamos no ar com a emissão de palavras, e nos impõe um isolamento inimaginável poucos meses atrás. A Covid-19 simplesmente fez todos se dobrarem ao seu poder devastador.

Aqueles que conseguirem sobreviver à pandemia viverão em um mundo transformado por novas visões sobre a vida, morte, convivência, sociedade, política, economia, cultura, um conjunto de referências que serão bem-vindas se dissiparem as trevas da ignorância que antes  do vírus já estava disseminada por todo o planeta e que instituiu, infelizmente com aparência de normalidade, as mais abjetas formas de violência contra o ser humano de todas as idades.

A esperança, é preciso falar dela, fará sentido se a humanidade tiver aprendido que é urgente construir uma nova ética a fim de que possamos efetivamente viver num mundo melhor e menos doentio, política e economicamente. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)

 

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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