VÍDEO DA REPRESA ITUPARARANGA COMOVE POPULAÇÃO, MAS SOLUÇÃO VAI DEMORAR

A chuva que caiu hoje (16) em Ibiúna nem de longe serviu para amenizar a dramática situação da represa Itupararanga que conta hoje com 32% do seu volume máximo.

As imagens postadas ontem pela vitrine online por meio de um vídeo mostrando imagens tristes de leitos secos ou barrentos da represa provocaram grande repercussão entre os leitores que, num resumo simplificado, se traduz pela palavra “tristeza”.

Não é para menos. A Itupararanga é belíssima quando se encontra com volume de águas acima de 50%. Ela se estende por vários quilômetros no seu leito central e se esparrama por uma grande diversidade de ramificações.

As águas da represa abastecem mais de 85 por cento da população de Sorocaba, além de Mairinque, Votorantim e Alumínio. O segundo maior consumidor é a Votorantim Energia, que produz e comercializa energia elétrica e produtores agrícolas em alguns pontos de suas margens.

Também servem para lazer, atividades aquáticas, como torneios aquáticos, passeio de lanchas, motonáuticas e pesca, embora esta última atividade se encontre em notório declínio devido à drástica redução das águas e, especialmente, à poluição por nutrientes, agrotóxicos e esgoto sem tratamento que recebe dia e noite em grandes volumes. E pensar que há algumas décadas pescadores viviam da pesca na Itupararanga!

Quem já teve a oportunidade de fazer um passeio de escuna na represa e se banhar na cachoeira existente na margem já pertencente ao município de Mairinque, agora se entristece ao ver a embarcação retida no seco.

Igualmente a lancha da Patrulha Náutica operada pela Guarda Civil do Município de Ibiúna vem encontrando sérias dificuldades para cumprir sua função. Recentemente teve uma das hélices do seu motor quebrada por colisão, já que as rochas que existem ou afloraram ou estão logo abaixo do espelho d’água.

No alto da foto se veem duas pessoas em caiaque e um em standup, e muita lama no primeiro plano

VOLTA AO NORMAL

Muitos leitores que viram o vídeo acima mencionado e se entristeceram por ver a gravíssima situação da represa evocaram Deus e colocaram em suas mãos a volta da normalidade do seu volume de água. Por coincidência, o título do vídeo foi: “Represa Itupararanga: agora só Deus na causa”. Mas os homens, sobretudo as autoridades da região, da Sabesp, da Cetesb e outros órgãos públicos devem fazer sua parte antes que seja demasiado tarde.

Vitrine online indagou ao Dr. André Cordeiro dos Santos, que pesquisa as águas da represa há cerca de 12 anos, quando podemos contar com a volta da normalidade aquática da Itupararanga. Ele, que é biólogo da Ufscar, vice-presidente do Comitê de Bacia Hidrográfica Sorocaba e Mèdio Tietê (CBH-SMT) e coordenador da Câmara Técnica de Planejamento e Gerenciamento de Recursos Hídricos (CT-PLAGRHI), avaliou [contando com os ciclos históricos da natureza] que a volta à normalidade “não vai ser possível até o fim de 2022”.

Nesta terça-feira (17) ele volta a coordenar mais uma reunião remota do Comitê de Bacia Hidrográfica Sorocaba e Médio Tietê que, na sexta-feira, dia 6 de agosto, aprovou um conjunto de medidas emergenciais e que começaram já  segunda-feira, 9, devido à  “gravíssima” situação da represa Itupararanga cujo nível de água se aproxima do volume morto comprometendo o abastecimento de água para mais de um milhão de pessoas na região.

O novo encontro servirá para avaliar as medidas aprovadas no dia 6 entre as quais se previa que a Votorantim Energia deveria reduzir a vazão das águas da represa em sua usina hidrelétrica de 6 m3 por segundo para 4 m3 por segundo e na semana que começou hoje (16) reduzir mais uma vez a vazão para 3,5m3 por segundo.

Os municípios da região que participam do Comitê ficaram de adotar medidas de racionamento no consumo de água em milhares de residências na região. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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