A QUEM INTERESSA UM CLIMA DE TERROR NO DIA 7 DE SETEMBRO?

Mais de 579 mil brasileiros mortos por covid-19, mais de 20 milhões de infectados pelo vírus, preço dos combustíveis, do gás de cozinha, da eletricidade subindo para a estratosfera, 15 milhões de desempregados, 19 milhões passando fome e o Dia 7 de Setembro, simbólica expressão da Independência do Brasil – como se já não fosse o bastante o sofrimento da nação – sendo envolto num clima de terror protagonizado por autoridades inconsequentes ao extremo.

A quem interessa um clima de terror exatamente quando 7 de Setembro deveria ser um dia de festa e celebração e de congraçamento do povo brasileiro por ter se tornado livre do colonialismo lusitano e independente para criar uma nova nação democrática em que seus filhos possam se sentir seguros, confiantes no futuro e bem-estar que se espera de um país civilizado?

Já há quem, crítico do governo, preveja luta entre facções armadas em 2022 em consequência de graves divergências em torno dos resultados eleitorais, caso o escolhido por maioria dos votos não seja o atual ocupante do Palácio do Planalto. Isso é democracia ou indício de golpismo ditatorial?

Há um notório clima de intimidação, de imposição de medo, de indução ao armamentismo em vez de feijão na mesa, o que ensejaria um potencial confronto armado absurdo e diabólico de irmãos contra irmãos, numa indisfarçável tentativa de manipulação de mentes sugestionáveis, num esforço impiedoso de diversionismo para afastar as atenções dos problemas reais que o país enfrenta.

Vejo com preocupação, nas redes sociais, a crescente onda de ódio e rancor, de perseguição, de preconceitos exacerbados e de retaliação contra aqueles que compõem o conjunto de diversidades, de modos de ver e de lidar com a realidade, não diria que parece estar dividindo a nação ao meio, pois se trata em termos populacionais de minoria, terrivelmente fanática e portadora de uma cegueira irredutível.

Como se comportarão a inteligência das Forças Armadas, as classes superiores e intermediárias das polícias militares estaduais? Quem vai violentar a Constituição, a Carta Magna que rege a vida nacional? Quem se responsabilizará pelo que vier a ocorrer nesse clima trevoso e odioso que se pretende instalar na consciência de milhões de brasileiros?

Tomara que o Dia 7 de Setembro seja um dia de lucidez, de responsabilidade, de irmandade e respeito mútuo entre irmãos e não se torne um marco catastrófico de uma aventura louca e irresponsável de uns poucos que ignoram a história da humanidade e do Brasil, em particular. Já basta de delírio, de encenação e de intolerância. Os brasileiros não merecem tanto tormento em um cenário já bastante conturbado, como um navio num mar revolto.

O que será da importante Avenida Paulista, um território nobre de São Paulo sempre referência para a opinião pública e política de todo o País, palco tradicional de manifestações e objeto de desejo das forças sabidamente contraditórias e conflituosas? O Brasil precisa de paz, amor, harmonia, não de violência. Grande número de patrícios quer trabalho, comida, segurança, saber que poderá continuar existindo junto às pessoas que ama, nos lugares onde vivem na vastidão do território representado pelo pavilhão verde, amarelo, azul e branco. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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