DIA INTERNACIONAL DA MULHER – BREVE HISTÓRIA DE UMA GUERREIRA

Ângela Donda é uma atleta maratonista de uma disciplina exemplar. Parece ter conseguido harmonizar a atividade de correr (o corpo em movimento) com a mente e o espírito, constituindo uma personalidade íntegra.

É uma mulher que se supera exatamente por conta do que pensa, fala e faz estarem em notável equilíbrio. Conhece os próprios limites e se mantém em forma com treinamento e exercícios que não param como as ondas do mar.

Perguntamos a ela o que é ser mulher nos dias atuais de forma resumida, mas ela foi além de algumas palavras porque deixou sua voz interior se expressar com a mesma liberdade que conquistou na vida, na condição de guerreira.

Ângela Donda em ação

Eis o seu relato, na íntegra, no Dia Internacional da Mulher:

“Só compreende, de fato, uma guerra, quem é parte dela. Eu consigo olhar para trás e enxergar, todas as limitações e lutas que as mulheres travaram desde os indícios do surgimento da civilização humana.

Conhecendo a história da minha bisavó, avó, mãe, imigrantes que se lançaram ao mar rumo ao desconhecido, levando nos braços os filhos e um sonho, só de imaginar o quanto de medo e coragem que elas sentiram, e não desistiram, já me faz diferente.

Habitar uma pele feminina nos dias atuais é uma trajetória solitária. Existem leis que nos protegem, coletivos que nos incluem e um comportamento social que nos reconhece. Mas, ainda sim, o real e profundo conceito de SER MULHER HOJE só é encontrado no interior de cada uma de nós.

E nesse universo não é fácil aprender a fazer o próprio caminho, a sociedade, inquestionável, paternalista prendeu a mulher numa “caixa” por séculos e ela ficou parecida com a caixa, e diante de cada realidade vivida, nós precisamos escolher, incansavelmente, romper amarras todos os dias, é guerra interna, silenciosa e eterna.

Eu sou atleta e a minha trajetória no esporte e na profissão me levaram a ocupar espaços predominantemente masculinos de difícil reconhecimento, mas vendo que as minhas escolhas incentivam uma imensidão de mulheres, todos os dias desde que dei meu primeiro passo, me sinto grata e gigante diante do caminho que escolhi seguir.

Gostaria de terminar esta reflexão com uma frase que me norteia, da qual não sei a autoria e  que adaptei para o feminino: ‘Você é o sonho de suas ancestrais, através de você a vida se renova e continua’…”

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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