SEM NOVIDADE – EM 2023, CASO DA VENDA DE EXAMES MÉDICOS EM BARUERI ECOOU EM IBIÚNA

No dia 15 de agosto de 2023, o secretário da Saúde de Barueri, ex-deputado federal Milton Monti, chamou a imprensa em seu gabinete para fazer uma grave denúncia.

Na coletiva, conforme vitrine online divulgou à época, ele anunciou que tinha havido um flagrante de venda ilegal de exames médicos no Centro de Diagnósticos da Prefeitura, envolvendo vereador de Ibiúna.

Vale lembrar que esse Centro, por ser uma instituição pública municipal, não cobra pelos exames realizados, o que caracteriza o objeto da denúncia como um crime.

Hoje (23), e passados nove meses desse fato, e atendendo a questionamentos feitos por leitores, vitrine online entrou em contato com a Secretaria da Saúde com o objetivo de atualizar aquela notícia.

“SEM ACESSO AO PROCESSO”

O secretário, por meio de sua assessoria de comunicação, informou que “na época a denúncia foi feita e encaminhada para a Delegacia de Polícia local e ao Ministério Público para investigação”. Então, nos sugeriu que contatemos “os órgãos responsáveis, uma vez que não temos acesso ao processo”.  

Também na época, vitrine online indagou ao então presidente da Câmara que providências seriam tomadas, uma vez que a denúncia de alguma forma afetava a imagem do Legislativo. Ele nos respondeu que como não havia recebido nenhum documento oficial sobre o assunto nada poderia declarar.

Extraoficialmente, no entanto, fala-se em Ibiúna que o processo já estaria arquivado, depois de que teria tramitado em segredo de justiça.

O QUE ACONTECEU

Na entrevista coletiva em agosto, de acordo com o secretário, uma pessoa da cidade de Ibiúna veio até o Centro de Diagnóstico na quarta-feira (9.8.23) com dois agendamentos de tomografia.

Na sala de espera, em uma conversa informal com outra paciente, a mulher comentou que o local era muito ‘bonito’ e que teria pago até barato pelo exame.

Prontamente a paciente lhe explicou que o Centro de Diagnóstico era público, da Prefeitura, e que não havia necessidade de pagamento e a mulher foi tomar explicações junto ao pessoal de apoio da unidade.

Assim, a Secretaria de Saúde soube da irregularidade e, na apuração, descobriu-se que a paciente, moradora de Ibiúna, foi procurar ajuda na Câmara Municipal de Ibiúna para conseguir as tomografias e foi atendida no gabinete de um vereador, cujo nome não foi informado na coletiva.

Esse vereador teria intermediado a marcação dos exames e solicitado pagamento via pix de R$150,00 por exame.

Para conseguir agendar, foi utilizado o expediente de guias manuais de encaminhamento, protocolo que já foi abolido por parte da Secretaria, isto é, todos os encaminhamentos hoje são digitais.

Esses pacientes ‘de fora’ eram cadastrados como moradores de Barueri e algum funcionário aproveitava as ausências para encaixar os pacientes pagantes. Houve casos de pacientes da cidade terem seus agendamentos desmarcados para esses encaixes fraudulentos.

 “EXTREMAMENTE GRAVE”

Na ocasião, Monti considerou “a situação extremamente grave e inaceitável, pois constitue-se crime”.

De acordo com Monti, a decisão de dar publicidade ao caso era para que outras pessoas lesadas se manifestassem, bem como inibir novos ocorrências dessa natureza.

O secretário explicou que em março, quando assumiu a Secretaria de Saúde, emitiu uma portaria abolindo as guias manuais, bem como reduziu o número de funcionários com senhas categoria ‘master’, que são capazes de mudar agendamentos dentro e fora das UBSs. Esse número foi reduzido de 1530 para 180.

Embora tenham sido encontadas provas das transferências via PIX, Monti disse que acreditava que seria preciso quebrar sigilos bancários para verificar esses pagamentos.

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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