O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM AS TERRAS IBIUNENSES?

Nesta quarta-feira (15), a TVUNA entrevistará Hélio Anselmo Domingues, agrimensor municipal há 28 anos, sobre uma das mais candentes questões que dizem respeito a ocupações irregulares do solo no município de Ibiúna, motivo de constantes preocupações sociais e econômicas, quando se pensa no futuro de Ibiúna.

Domingues, que se iniciou na profissão desde menino, quando fazia anotações pedidas pelo topógrafo, conhece, por dever de ofício de medidor de terras, todo o município.

O programa, apresentado pelo jornalista Carlos Rossini, irá ao ar às 20h, ao vivo, com transmissão pelo Facebook, Instagram e Youtube, com participação direta dos telespectadores pelo chat do canal da TVUNA. Você pode se inscrever desde já: youtube.com/@tv-una.  

OCUPAÇÃO DESORDENADA

Se nenhuma política pública consistente de ocupação do solo for estruturada, daqui a dez ou vinte anos o imenso território de Ibiúna, o 34º em extensão no estado de São Paulo, poderá sofrer uma transformação radical descaracterizando sua vocação de economia agrícola e tornando uma extensão da periferia Grande São Paulo.

O impacto do processo de urbanização se refletirá de modo extensivo em sua natureza (ainda) exuberante, sobre as propriedades agrícolas produtivas, que já teriam sofrido uma diminuição considerável, e na estrutura de prestação de serviços públicos, nas áreas da saúde, abastecimento de água e de rede de esgoto, segurança e transporte públicos, devido ao continuo aumento da população decorrente de uma infinidade de loteamentos, muitos dos quais irregulares e clandestinos.

Exatamente por suas qualidades naturais, proximidade da Capital e facilidade de acesso a terrenos a preços populares, fruto da aquisição de glebas terras que são parceladas e vendidas em grandes quantidades em fins de semana por organizações profissionais de São Paulo, o município de Ibiúna se tornou um alvo sedutor de um mercado imobiliário intensivo, movimentando milhões de reais.

GATO POR LEBRE

Ainda que a Prefeitura oriente as pessoas a terem cautela preventiva ao adquirir os lotes, sem saber se a área é regular, com projeto aprovado e registrado em cartório, muitos compram gato por lebre, como se diz, e acabam amargando sérios prejuízos financeiros, sem volta.

Existem no município atualmente 523 loteamentos irregulares ou clandestinos. Loteamentos irregulares são aqueles que têm registro em cartório (com lotes matriculados), mas sem projeto aprovado na prefeitura. Loteamentos clandestinos são aqueles em que há uma invasão de uma área que é parcelada e vendida.

Hoje uma situação dramática vivida por pessoas que adquiriram esse tipo de terreno, que estão sujeitos a não terem os serviços básicos, como rede de eletricidade, de água e de esgoto.

A maioria absoluta dos adquirentes desses lotes são pessoas de fora, não ibiunenses, geralmente de municípios da Grande São Paulo, como Osasco, São Bernardo do Campo, Itapevi, Jandira, Carapicuíba, entre outros.

TERRAS PRODUTIVAS

Uma situação que tem contribuído para a disponibilidade de terras em Ibiúna é a descontinuidade cada vez maior de terras produtivas. A geração de produtores vai ficando mais velha, os filhos decidem ir para a cidade ou se mudar e acabam abandonando a lavoura, que ainda é o carro chefe da economia do município.

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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