IBIÚNA – PREFEITO PRECISA LIMAR AS ARESTAS DO SEU GOVERNO

Caro prefeito Mário Pires, faz tempo que não nos falamos. Trago lembranças dos momentos em que o entrevistei para vitrine online e TVUNA como pré-candidato, candidato e, finalmente, após ser retumbantemente eleito prefeito de Ibiúna.

Trago lembranças que gostaria de compartilhar com V.Exa. e nossos leitores a partir de suas frases marcantes a ouvidos sensíveis. Eis três delas que destaco entrelaçadas com o porvir, ou seja, o futuro, a promessa.

“Dias melhores, virão!”

“Costumo dizer que o parabrisa é maior que o retrovisor que é para a gente olhar para frente.”

“Não tenho um modelo de comunicação, tenho um jeito de comunicar, pois acredito que a população precisa saber o que está acontecendo.”

Como “ouvidor” da população, que faz parte do trabalho jornalístico, destaquei as três frases acima como inspiração para construir o relato que apresento em seguida, com o objetivo de contribuir para o bom desempenho do seu governo perante a população em geral e o quadro funcional da prefeitura com cerca de 2.700 profissionais.

Das três frases assinalo seu compromisso reiterado durante entrevista concedida a mim na TVUNA, modo podcast, em que assegurava a transparência do seu governo, que rendeu esperança, uma vez que a comunicação (relacionamento) é responsável por 85% do sucesso de qualquer empreendimento [pesquisa da Universidade de Harvard, nos EUA].

Para quem acompanha seus frequentes (nada contra, é óbvio) protagonismos nas telinhas dos celulares do povo são inescapáveis duas interpretações. A primeira do seu exuberante dinamismo em todos os cenários apresentados. A segunda é a forma como a população vem interpretando [comparando] esse fenômeno típico de marketing político com a realidade dos fatos no município.

Não tiramos os méritos das ações do seu governo em aspectos pontuais, considerando sobretudo a gravidade da situação relatada por S. Exa. do estado em que recebeu a Prefeitura do governo anterior, que considerou “destroçada”. Daí haver, quando ouço a população, uma benevolência explícita de que “é cedo para pôr a casa em ordem” pelo deplorável estado em que ela foi herdada pelos novos gestores.

Vimos na TVUNA o ex-prefeito por duas vezes Jonas Campos de modo enfático se colocar à sua disposição para salvaguardá-lo de cometer os mesmos  erros que ele teria cometido em sua dupla gestão. “Eu amo esta cidade”, ele resumiu justamente apostando, como este escriba, que seu governo precisa dar certo para que a cidade não tenha uma nefasta recaída em mãos indesejáveis que travaram o crescimento do município.

Prefeito é muito bom e necessário olhar para a frente, mas é pouco recomendável deixar de olhar para trás e ver o rastro deixado pelos nossos pés na caminhada, os cuidados que tomamos, a forma como vimos e como devemos estar atentos como um comandante de um navio para evitar colisões com possíveis icebergs pela proa ou no entorno da embarcação.

Um líder precisa olhar para trás também para ver como está sendo seguido. Não será por outra razão que V.Exa. disse que era o seu CPF que estaria em jogo, durante uma reunião com representantes dos professores municipais, razão por que não abriria mão de sua decisão de adiar a liberação do piso nacioinal reivindicado pela categoria?

Prefeito, certamente gostaríamos de constatar o oposto, mas seu governo vem sendo alvo de rumores desfavoráveis que vêm circulando tanto no meio da população em geral quanto no ambiente funcional, aparentemente excluídos aqueles cargos de confiança de sua nomeação. Neste caso, a imagem aparente pode parecer um mar de almirante, sem se ter em mente informações sobre a previsão do tempo.

A boca pequena indica que o prefeito ficou menos acessível, apesar das aparições públicas em que aparenta notável popularidade afetiva, mesmo por parte de pessoas que militaram em sua campanha com extrema dedicação e que demonstram estar ressentidas.

Problemas dp sistema de saúde pública são de natureza estrutural há décadas

Sim, há a promessa de que no porvir teremos um sistema de saúde pública funcional no município, pelo que se espera de um grande plano articulado [ainda desconhecido] pelo secretário da Saúde e que já deveria estar sendo iniciado após a realização de uma licitação para contratar uma empresa para gerir todo o sistema.

No entanto, em vez disso, a empresa que vem atuando na gestão do hospital municipal obteve por força de uma ação judicial permanecer titular do serviço por mais 90 dias, com valores mensais majorados por um aditivo, suspendendo o processo de licitação.

Em compensação as queixas, ainda que os profissionais da saúde se desdobrem em oferecer bom atendimento sem contar com os recursos requeridos, prosseguem praticamente em todo o sistema: hospital, rede básica, centro de especialidades, CAPs. Questões básicas não precisariam esperar o futuro chegar para serem reparadas.

Em geral, as necessidades da saúde são imperativas, exigem respostas imediatas, surgem a qualquer momento e não podem ser adiadas. Sabemos os esforços profissionais feitos para compensar as limitações impostas por questões básicas de cujas raízes se encontram na estrutura de um sistema falho.

Todos sabem que o serviço de saúde pública em Ibiúna é o principal desafio para as autoridades ibiunenses funciona mal das pernas há décadas, mesmo absorvendo cerca de R$ 45 milhões/ano.

Se pudesse resumir o sentimento médio captado pelas nossas escutas, tanto no meio público quanto no âmbito do funcionalismo municipal, diria que ele reflete um sentimento de decepção: “Fazer o quê? Agora teremos que esperar mais três anos.” Houve muitas menções de frustrações em relação ao suposto desempenho do quadro de assessores do primeiro escalão do prefeito.

Em resumo, já dizem que grupos de oposição estão na torcida da maldade para que esse clima prossiga para tirar vantagens, o que preocupa os ibiunenses que amam Ibiúna e ainda se alimentam da vasta esperança aberta em seus corações por Mário Pires que lhe renderam 21.661 votos, o maior sufrágio já concedido a um candidato a prefeito na cidade.

Bem, restaria dizer que talvez o mais importante caminho a ser desbravado pelo prefeito para limar as arestas na imagem de sua gestão seja exatamente abrir um processo de transparência como ele próprio definiu: “A população precisa saber o que está acontecendo”.

Entendemos ser esta a mais importante e decisiva ferramenta, que precisa ser usada pelo chefe do Executivo, caso o prefeito queira (re)conquistar corações e mentes da população que o elegeu movida pela esperança. Assim, se supõe, essa tendência de ânimo esboçada poderia ser revertida para o bem de todos. Finalmente, senhor prefeito, todos queremos e estamos esperando por dias melhores! (Carlos Rossini é diretor da TVUNA e editor de vitrine online)

Centro de Especialidades, além de ter perdido especialistas como vascular e proctologista, tem filas de espera de meses. Cardiologia, por exemplo, somente tem agenda para 2026. Os profissionais são dedicados e se viram nos trinta para atender da melhor maneira possível. A rede básica de saúde, conforme apuramos, também funcioina de forma bem limitada, o que provoca aumento de demada tanto no hospital quanto no centro de especialidades.

ATUALIZAÇÃO

Vitrine onliine apurou que, na realidade, há um colpaso no sistema. Não há mais agendamento para este ano no Centro de Especialidades para: cardiologia, otorrinolaringologia, gastro, neurologia. A rede de saúde básica também está disfuncional.

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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